O deputado Padre Pedro Baldissera disse, no Plenário da Assembleia Legislativa de Santa Catarina – Alesc, que pesquisadores e especialistas da área da produção de alimentos e do meio ambiente afirmam, categoricamente, que as queimadas naturais não são as causas principais dessa onda de fogo que assola o País. “A maioria dos incêndios na Amazônia e no Pantanal é provocada por ação humana. A Polícia Federal – PF investigou e apontou latifundiários e grileiros como responsáveis por incêndios no Pantanal. Um delegado que analisa focos desde junho disse, inclusive, que ‘não têm como não terem sido ocasionados por ação humana’.”
Outra consideração feita pelo deputado, baseada em relatos dos cientistas, é que o aquecimento global deixa o clima mais seco e agrava a situação das queimadas. “O desmatamento descontrolado contribui para esse processo.” Baseado em dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Padre Pedro afirmou que apenas nos últimos dois meses, mais de 10 mil focos de incêndios já foram registrados no Pantanal e estima-se que cerca de três milhões de hectares tenham sido atingidos – o equivalente ao território inteiro da Bélgica.
O parlamentar ressaltou que a situação não difere muito da Amazônia, onde os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, nas últimas duas semanas, o número de incêndios se igualou ao total de setembro inteiro do ano passado: 60 mil. “Como resultado, além da ameaça ao equilíbrio do clima não só em nosso país, como no mundo, nós estamos atingindo acordos comerciais, a competitividade e comprometendo fortemente as próximas gerações. É uma atitude criminosa que será cobrada de nós.”
Padre Pedro citou também um relatório construído por mais de 100 cientistas, inclusive do Brasil, que constata que a temperatura do Planeta, em todos os continentes, subiu 1,5ºC nos últimos 150 anos. Entre os argumentos, um deles diz que, “em nível global, a degradação dos ecossistemas terrestres é responsável por aproximadamente 23% da emissão de gases de efeito estufa. E qual a causa dessa degradação? A expansão do agronegócio. Já no Brasil, esse número sobe para 73%.”
Segundo o parlamentar, documentos do Banco Central do Brasil revelaram que quase 70% do capital estrangeiro investido por grandes empresas no plantio de soja ou no gado de corte no país — ou US$ 18,4 bilhões de um total de US$ 26,9 bilhões — partiu de paraísos fiscais no período 2000-2011. “Esse capital tem avançado na derrubada de vegetação realizada para abrir fazendas de soja e de gado de corte e a maioria dos fundos para esse investimento partiu das Ilhas Cayman, das Bahamas e da Holanda”, alertou.