É delicadíssima a situação no PSDB nacional. Rachado, o partido caminha para um quadro de divisão irreversível a seguir nesta toada. O que tem levado alguns bombeiros tucanos a aventar o nome de um Tertius para conduzir o partido daqui até o pleito de 2018. Líder da bancada no Senado e atualmente desfrutando de excelente trânsito em todas as esferas do PSDB, o catarinense Paulo Bauer foi aventado. Mas não vai assumir este papel. Na semana passada, ele esteve no Palácio dos Bandeirantes com o governador Geraldo Alckmin.
Saiu com a impressão de que o paulista também não pretende posicionar-se no meio deste fogo cruzado. Até porque, Alckmin é presidenciável. O mesmo raciocínio vale para Paulo Bauer, pré-candidato ao governo do Estado em 2018. O acirramento dos ânimos no ninho está próximo do ponto de fervura. De um lado, o grupo que apoia o cearense Tasso Jereissatti, notadamente os cabeças pretas (deputados mais jovens que ainda não têm os cabelos brancos), em contraposição ao grupo do mineiro Aécio Neves, agora representado pelo goiano Marconi Perillo e seus cabeças brancas do Senado. Este time é fechado com Michel Temer, enquanto o segmento mais jovem defende o desembarque do governo e o rompimento com o presidente e a ala tóxica do PMDB.
Ninho plural
Em Santa Catarina, o quadro tucano é bem mais harmônico. Paulo Bauer concorda com a renovação do mandato de Marcos Vieira na presidência estadual da legenda, desde que a nova Executiva seja plural, atendendo as várias alas da legenda, bem como nomes estratégicos do PSDB. Já se formou um diretório estadual contemplando prefeitos, deputados e detentores de mandato. No dia 11, sairá a executiva para os próximos dois anos.
Tripé
Paulo Bauer segue candidatíssimo ao governo no ano que vem, preferencialmente no contexto de uma coligação. Mas não se descarta a chapa pura. O senador tem a seu favor o handicap de contar com a preferência de figuras como Jorge Konder Bornhausen que, de alguma maneira, também conseguiria canalizar a simpatia de Raimundo Colombo ao projeto do tucano. O próprio Esperidião Amin está neste embalo. Um trio de muito peso político que sinaliza na direção de Bauer.
Voz de comando
Embora Paulo Bauer conte com a simpatia do trio JKB, Colombo e Amin, há o componente institucional da influência partidária. O governador não controla o PSD, que está sob a batuta de Gelson Merisio. No PP, Amin também não tem ascendência suficiente na executiva e no diretório para determinar os rumos do partido. Quem tem esse controle no PP está vinculado a Merisio. Ou seja, a articulação do deputado pessedista não pode ser ignorada em nenhuma hipótese.
Olho no olho
Fica evidente que, em algum momento de 2018, Paulo Bauer e Gelson Merisio vão sentar para conversar.
Distanciamento
O que está cada dia mais claro no tabuleiro catarinense é que o PSDB, exceção feita a duas ou três lideranças, vai se distanciando do PMDB. Pesam nesse movimento a postura do presidente do Manda Brasa, Mauro Mariani, que votou contra o próprio correligionário Michel Temer enquanto Bauer e outros tucanos seguraram a barra de novamente defender o presidente na segunda denúncia de Janot; e o fato de o partido já cravar, a esta altura do campeonato, que não abre mão da cabeça de chapa.
Jogo de cintura
Na outra ponta, Gelson Merisio é pré-candidato ao governo, mas está aberto ao diálogo. Significa que o PMDB está ficando isolado. O PT e os partidos de esquerda têm o seu projeto. No segundo turno em SC, caso ele ocorra, este grupo estará contra o PMDB. Não é que vão estar a favor de alguém e sim contra a turma do Manda Brasa, que apeou Dilma Rousseff do poder.