O clima não está dos melhores na cúpula do PMDB de Santa Catarina. Em reunião da executiva estadual, na segunda de manhã, em Florianópolis, os líderes do partido formalizaram a orientação para a não participação de filiados e delegados na convenção nacional da sigla, que será realizada no próximo dia 7, em Brasília, conforme nota oficial divulgada pelo diretório estadual.
Maravilha. Mas a seção Barriga-Verde do Manda Brasa está adotando posições curiosas. É uma tentativa legítima de se descolar, a qualquer custo, da nacional. Pode até fazer sentido. Agora, como a opinião pública vai avaliar tudo isso é que é a grande incógnita.
Na primeira quinzena de setembro, o presidente estadual do partido, Mauro Mariani, anunciou que pediria a renúncia de parte da executiva nacional do PMDB. Obviamente que não deu em nada. Agora, o comando estadual vai marcar posição, simplesmente não mandando ninguém para a convenção nacional. Se o posicionamento, extremo, vai funcionar perante o eleitorado, só o tempo dirá. O fato é que, se for feita uma avaliação mais minuciosa em cima dos 20 principais nomes do PMDB nacional, não escapa um. Todos ou são réus, ou já estão indiciados ou sob investigação da Lava Jato e de outras operações.
Postura isolada
Outra questão que não pode ser desconsiderada é a mudança de Mauro Mariani, votando, semana passada, pelo prosseguimento da segunda denúncia de Janot contra Michel Temer.
Faltou combinar
No Estado, fez-se a leitura de que o presidente do partido combinou com os outros quatro deputados federais que eles ajudariam a salvar o correligionário e votariam (como votaram) com o presidente da República; e ele, Mariani, como pré-candidato ao governo, iria se preservar de acordo com o desejo da maioria da opinião pública. Mas não foi nada disso. Não houve combinação. A mudança de Mariani, sinalizando que votaria contra Temer, ocorreu na última hora e pegou os seus colegas deputados federais pelo PMDB de Santa Catarina de surpresa.
Azedume
A contrariedade é grande. Os quatro (Ronaldo Benedet, Rogério Peninha Mendonça, Valdir Colatto e Celso Maldaner) estão se sentindo mais menos como o famoso boi-de-piranha, que é largado na frente dos outros para ir ao sacrifício e liberar a passagem dos demais. Está arranhada a convivência do pré-candidato com os outros quatro federais da sigla. Pode haver respingos, ainda, na própria convivência partidária e na musculatura do presidente à frente do PMDB e do projeto majoritário de 2018.
Dois pesos
Na primeira denúncia de Janot contra Temer, Mauro Mariani votou fechado com o Planalto. Foi um dos votos que ajudou o presidente a ter placar mais folgado do que na votação da semana passada. Agora é aguardar a reação dos catarinenses. A dúvida é saber se esse tipo de guinada não acaba gerando ainda mais desgaste. Pode passar a impressão, de alguma maneira, de que os pesos e medidas diferentes nas duas denúncias seriam uma forma de escamotear a opinião pública.
Dor de cabeça
Almir Gorges, respeitado servidor aposentado do fisco estadual, anunciou a saída da Secretaria de Estado da Fazenda. Sai de cena no vácuo de uma licença médica e apenas cinco meses depois de assumir a função, quando foi convencido pelo secretário da Casa Civil, Nelson Serpa, a assumir o cargo. Secretário-adjunto, Renato Lacerda, que é auditor da pasta, já vinha respondendo oficiosamente e pode ser efetivado. A outra alternativa é o retorno de Antônio Gavazzoni, que permaneceu à frente da pasta de 2013 até maio deste ano. Raimundo Colombo não trabalha com uma terceira alternativa.