Jair Bolsonaro recuou, estrategicamente, nos movimentos que aumentaram a tensão entre ele e Rodrigo Maia, e seus novos apoiadores da esquerda.
O presidente autorizou o general Braga Netto, da Casa Civil, a negociar cargos com os congressistas do chamado Centrão, grupo de partidos fisiológicos. Ou seja, Bolsonaro resistiu até onde foi possível neste país onde há tantos defensores do estado democrático de Direito, e que se valem desse conceito para deitar e rolar.
É a volta do toma-lá-dá-cá. Agora é observar qual será a escala do troca-troca em nome de uma base aliada no Congresso para o presidente chamar de sua. Qual o tamanho desta base e o grau de sua consistência também saberemos logo adiante.
A sensação que fica é que ou o Planalto cedia ou teríamos um cenário se armando para guerra civil no Brasil.
Se continuasse a tensão, bastava o notório Rodrigo Maia pautar para votação um pedido de impeachment.
Futuro sangrento
Certamente, haveria povo nas ruas para protestar e aí as consequências seriam imprevisíveis. Haveria invasão do Congresso, do STF? Nunca saberemos, mas o que é fato é que atualmente ninguém tem tanta capacidade de mobilizar pessoas do que Bolsonaro. Maia não conta neste quesito e hoje nem mesmo as esquerdas estão com essa bola toda em relação a povo na rua, não.
Esquerda, volver
Esse movimento de Bolsonaro levará, inevitavelmente, Maia a buscar mais apoio na esquerda tupiniquim. A tacada presidencial, contudo, já surtiu efeitos positivos. O deputado carioca já desistiu de mudar o regimento para seguir à frente da Câmara, o que estabeleceria uma espécie de ditadura no Legislativo. Ele percebeu que não tem os votos suficientes na Casa para um movimento dessa envergadura.
Breque
Em outra frente, o governo também se aproxima de Davi Alcolumbre, presidente do Senado. Sobretudo pra mudar o absurdo projeto que praticamente doa R$ 100 bilhões a estados e municípios. Sem contrapartidas e sem qualquer fiscalização para cobrir as perdas com a queda brutal na arrecadação de ICMS e ISS. É dinheiro sem carimbo, que pode ser gasto da maneira que o governante de plantão bem entender. Uma verdadeira farra, que pode ser estancada na Câmara Alta.
Tripé
Depois de mandar embora Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro parece estar querendo se livrar de Paulo Guedes, o titular da Economia.
O ministro Braga Neto está à frente de outra ação estratégica do governo. Um pretenso pacote de obras públicas de R$ 50 bilhões, que já estão chamando de PAC do Bolsonaro. Além do titular da Casa Civil, participam da coordenação os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Guedes foi, digamos, olimpicamente ignorado.
Digitais de SC
O plenário do Senado aprovou por unanimidade o projeto de relatoria do senador Esperidião Amin que amplia para mais pessoas o auxílio emergencial de R$ 600 que está sendo pago a trabalhadores de baixa renda prejudicados pela pandemia do coronavírus. O substitutivo veio da Câmara ao projeto do Senado que estende o benefício para outras categorias de trabalhadores informais e autônomos, como pescadores artesanais e aquicultores, caminhoneiros, diaristas, garçons, catadores de recicláveis, motoristas de aplicativos, manicures, camelôs, garimpeiros, guias de turismo, artistas, taxistas, entre outros. A proposta seguiu para sanção presidencial.