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BR-282 segue “deplorável”, mostra Fiesc

Novo trabalho aponta piora das condições da rodovia, com afundamento, trincamento e desagregação do asfalto em diversos trechos. Essa situação também é encontrada em segmentos das BRs 158 e 163

Novo estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) sobre a BR-282 mostra que há trechos com afundamento, desagregação e recalques na pista, causados pela falta de manutenção, restauração e conservação da rodovia, que liga o Extremo-Oeste ao litoral catarinense. Em 2012 o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) incluiu no Contrato de Reabilitação e Manutenção de Rodovias (Crema 2ª etapa) obras nos 193 quilômetros entre o acesso a Chapecó e São Miguel do Oeste; Maravilha a Iraí e São Miguel do Oeste a Dionísio Cerqueira. Passados dois anos e meio, o contrato foi rescindido sem a realização das restaurações, terceiras faixas, acostamentos e sinalizações previstas. O trabalho, que tem apoio do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), também faz um panorama da situação das BRs 163 e 158, e foi apresentado na manhã desta sexta-feira (29), em reunião de diretoria da Federação.

O Crema previa para a BR-282 a implantação de 43 quilômetros de terceiras faixas para garantir maior segurança aos usuários, mas nenhum quilômetro foi executado. A empresa contratada limitou-se a fazer operação “tapa-buracos” e roçadas na estrada. Enquanto isso, o pavimento foi se deteriorando. No início de 2015 uma nova companhia foi contratada. Porém, o novo contrato não contemplou as obras previstas no Crema, como terceiras faixas. A empresa atual tem três contratos em andamento que preveem obras como recuperação do pavimento nos seguintes trechos: do acesso a Chapecó até São Miguel do Oeste (BR-282); de Maravilha a Iraí (Rio Grande do Sul BR-158) e de São Miguel do Oeste até Dionísio Cerqueira (BR-163). Segundo o levantamento da Federação, a empresa tem executado obras de qualidade, contudo, há somente uma frente de trabalho, em Maravilha, quando seriam necessárias pelo menos mais quatro frentes. “Uma série de obras complexas previstas no Crema não foram executadas por problemas de gestão. O novo contrato contempla menos obras e está sendo executado num ritmo que não dá perspectivas de condições mínimas de segurança de tráfego”, afirma o engenheiro Ricardo Saporiti, que percorreu as rodovias em novembro último. O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, lembra que há pelo menos dez anos o Estado aguarda a duplicação da BR-282. Em diversas oportunidades a instituição foi ao Ministério dos Transportes cobrar celeridade nas obras da rodovia. “Santa Catarina é preterida pelo governo federal em relação aos investimentos em infraestrutura. É uma lástima que tenhamos perdido, por problemas de gestão, obras de cunho mais estrutural, como terceiras faixas, apesar dos alertas feitos pela FIESC a todas as autoridades envolvidas”, diz. Conforme Côrte, Santa Catarina não pode se conformar com o atual ritmo dos trabalhos. “Sabemos que obras estruturais, que resultem em competitividade para as BRs só virão com o programa de concessões. Mas até que esse processo seja concluído e obras efetivamente possam ser vistas, é necessário que se faça pelo menos o básico, aumentando as frentes de trabalho dentro do contrato atual, para termos ao menos a manutenção. Do contrário a rodovia seguirá sem condições mínimas de trafegabilidade”, avalia. Quando da execução dos serviços de conservação corretiva rotineira, o trabalho recomenda a utilização prioritária de remendos profundos, em vez dos “tapa-buracos” que estão sendo feitos e que, visivelmente, “não estão apresentando resultados satisfatórios, motivados pela rápida
desagregação dos materiais empregados”. O estudo da Federação defende ainda agilidade no processo de concessão do segmento da BR-282 que vai de Irani até o acesso a Chapecó, que tem pronto o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) desde março de 2015.
O EVTEA é pré-condição para a rodovia ser concedida. A FIESC defende ainda a concessão dos segmentos que vão da BR-470 até a BR-116; de São Cristóvão do Sul (BR-116) até Irani; de Chapecó até São Miguel do Oeste e de Maravilha a Iraí (BR-158 – RS). O trecho da BR-163 entre São Miguel do Oeste e Dionísio Cerqueira demanda medidas emergenciais para realizar as desapropriações dos imóveis localizados nas faixas de domínio e alocação de recursos orçamentários para reiniciar as obras que estão paralisadas desde o final de 2014. O estudo destaca que grande parte das obras de arte especiais (como pontes, viadutos e proteções de taludes) e de terraplanagem já foram executadas e a empresa contratada está com a estruturas de britagem e usina de asfalto instaladas. Economia regional: As BRs 282, 158 e 163 são eixos rodoviários estratégicos e abrangem as regiões Oeste, Extremo-Oeste e Alto Uruguai catarinense. Juntas, congregam cerca de 32 mil estabelecimentos industriais, que empregam 267 mil trabalhadores (dados do MTE/2014). Acidentes: Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que de 1º de janeiro de 2014 a 18 de maio 2015 ocorreram 1.090 acidentes no trecho da BR-282 entre Ponte Serrada e São Miguel do Oeste. No mesmo período, também foram registrados 263 acidentes entre São Miguel do Oeste e Dionísio Cerqueira.

Na foto, a situação do km 579,8, trecho da BR-282 em Pinhalzinho, no Extremo-Oeste – Ricardo Saporiti, divulgação

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