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Brasil 2015: corrupção sistêmica

De postura simples e humilde (chegou sem seguranças, por exemplo), o juiz federal Sérgio Moro foi aplaudido de pé quando anunciaram seu nome no Congresso Estadual de Magistrados, realizado pela Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) no Hotel Plaza Itapema. Logo de cara, o paranaense praticou um gesto especial, salientando a importância do desembargador catarinense Newton Trisotto no contexto do petrolão. O magistrado trabalhou por 13 meses como ministro substituto no Superior Tribunal de Jusitça (STJ), período no qual, segundo Moro, atuou como “muita firmeza e trabalho,” subscrevendo despachos fundamentais para o desfecho das operações da Lava Jato.
A pedido de Sérgio Moro, Trisotto também recebeu uma bela salva de palmas.
Para o magistrado federal, o país está mergulhado em corrupção sistêmica. Embora, em função da idade, ele praticamente não tenha vivido o período da ditadura, assinalou que as pessoas acabaram se acostumando com ela, achando normal, apesar de muitos direitos terem sido cerceados. Na mesma linha, o juiz lembrou da hiperinflação, quando também os cidadãos se acostumaram, considerando “normal” a vida com 80% de inflação ao mês. Alusões feitas por ele que está considerando que o Brasil já está convivendo “normalmente” com a corrupção
instituída. E não pode ser assim, por isso todo o trabalho no âmbito da Lava Jato.
Sérgio Moro também frisou que os louros pelo trabalho acabam recaindo sobre ele, mas os méritos são de um grupo que atua neste sentindo dentro das instituições federais.
REGRA DO JOGO
O paranaense também revelou que está muito claro, pelo que se depreendeu dos depoimentos, que a cobrança de propina era a “regra do jogo.” O juiz sinalizou que talvez muitos envolvidos não tivessem uma propensão natural para este tipo de jogo, mas que entraram na corrupção por ela estar instituída.
Segundo o magistrado, tanto o mensalão quanto o petrolão resultam da fraqueza institucional brasileira. Depois de tantas revelações, ele trabalha no caso há dois anos, Sérgio Moro cobrou do governo e do Congresso medidas para combater a corrupção e para atualizar o Código de Processo Penal. É preciso, prega ele, endurecer as regras contra os crimes de colarinho branco. Ele criticou o excesso de recursos no sistema judiciário. “No Brasil, para toda a ação, existe um recurso.”


IMPRENSA
Antes da explanação de Sérgio Moro, o Congresso Estadual de Magistrados organizou o painel “A imprensa e a opinião pública em momento de (re) construção da imagem do Poder Judiciário”. Coordenado pelo Juiz Antonio Augusto Baggio e Ubaldo (TJ/SC), o debate teve os seguintes painelistas: Empresário Mário José Gonzaga Petrelli (Grupo RICRecord/SC), Jornalista Cláudio Prisco Paraíso (SBT/SC e blog do Prisco), e o Jornalista Moacir Pereira (Grupo RBS/SC).

Na foto de capa, da E para a D: desembargador Pedro Abreu, os dois painelistas portugueses, ministro Marco Aurélio Gastaldi Buzzi (STJ), Newton Trisotto e Moro.

Fotos: AMC, divulgação

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