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Brasil: o País refém das corporações!

Ralf Guimarães Zimmer Junior.

Defensor Público em Santa Catarina.

Quando nos questionamos o que falta para o Brasil dar certo, costuma vir em mente uma série de problemas que assolam nossa sociedade, para uns a corrupção, para outros o desemprego, a inflação, a miséria, e assim por diante.

Para alienar a população a dita extrema esquerda culpa o pretenso projeto global “neoliberal”, e a chamada direita extremada, por sua vez, ataca o não menos lacônico discurso de medo do fantasma do “globalismo” comunista. Sim, o medo é o principal fator para se definir voto, por isso os políticos profissionais exploram isso em você!

Assim, estratégia do estrato político dominante é a mesma, com algumas nuances envernizadas, a saber, criar um bode expiatório externo porque não possuem competência, e na verdade, faltam-lhes vontade e coragem para mudar o que pode erealmente deve ser enfrentado: uma espécie de sequestro do País por algumas corporações públicas e privadas.

No setor público, em que o exemplo deveria vir de cima, a bandalheira é tal que há anos se discute no congresso uma emenda constitucional extra teto. Vejam só, a Constituição Federal já prevê um teto ao funcionalismo público, qual seja o subsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e fala-se em outra emenda para fazer valer o que tá escrito?! Surreal que chama ou deboche institucionalizado?!?!

Sim, falam em emenda extra teto porque caiu nas graças da naturalidade o vilipêndio ao patrimônio público e do contribuinte, consistindo em verdadeiro enriquecimento ilícito do alto escalão de algumas corporações que não respeitam o teto de subsídio. E, para driblar dito limite, a criatividade não deixa nada a desejar aos romances de Shakespeare e às tramas de Alfred Hitchcock.

Vestem-se, há quem diga, com roupas de indenizações (cujo conceito operacional deve (ria) guardar correlação com contraprestação específica para gasto comprovado e extraordinário) verdadeiras verbas remuneratórias, como se mudando o nome do veneno para remédio o objetivo fosse outro que não matar o mosquito.

De outro lado, a iniciativa privada, notadamente as empresas de serviços terceirizadas, que são uma espécie legalizada de locadores de mão de obra alheia a alto custo, intermedeiam a força de trabalho com sutilezas, mutatis mutandis, dos antigos navios negreiros à época da escravatura, ou seja, salário mínimo (que se não é açoite é acinte!) para o cidadão, e lucro de dois três, por cabeça, para o patrão, nas costas da “viúva”, claro.

Ora, o Brasil não precisa de uma emenda extra teto, mas de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para passar a régua onde há bandalheira, qual seja, subsídios que superem o teto (onde necessário o for em todo o território nacional!), fazendo os beneficiários ressarcirem os cofres públicos pelo excesso indevido que recebem, e quem achar ruim a porta é a serventia da casa. Que vá botar a sua cabeça à degola na iniciativa privada para ver se é fácil perceber mais de 40 mil por mês, com férias, décimo terceiro e pronome de tratamento.

De outro lado, o uso inteligente de espaços físicos, compartilhando espaços por mais de um órgão para atendimento ao público, investindo em mais bytes e menos tijolos (frase célere do eminente Desembargador Roesler) e se livrando de contratos faraônicos de locação e com empresas terceirizadas é da ordem do dia na Nação.

Não se iluda, o problema do Brasil não é a China nem os Estados Unidos, tampouco o neoliberalismo ou o globalismo, mas é o seu sequestro por algumas corporações públicas, e outras privadas, e isso deve ser resolvido aqui, logo, e com coragem, sob pena de restar um único caminho a nós: o aeroporto…

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