Coluna do dia

Brasília ferve

O ambiente anda muito carregado no Brasil. Depois da declaração, de quinta-feira, de Jair Bolsonaro, dizendo que havia chegado ao limite do suportável, que não ia mais aceitar essas investidas do STF tendo como pretexto o combate às fake News (o que realmente é só um pretexto), o clima ficou ainda mais tenso.

Construindo um moinho de vento em cima de Fake News, os supremos juízes mandaram a Polícia Federal cumprir 29 mandados de busca e apreensão. Os agentes bateram na porta de empresários como o catarinense Luciano Hang, dono da Havan, de jornalistas, blogueiros e por aí vai.

Em seguida, Davi Alcolumbre, presidente do Senado, esteve com o presidente da República e logo na sequência avistou-se com o comandante interino do STF, Luiz Fux. O esperado encontro entre os chefes dos três poderes, o entanto, não aconteceu. Ou seja, o clima não distensionou.

De um lado, temos um chefe do Executivo boquirroto, que fala demais e às vezes diz coisas que não deveria dizer. Na outra ponta, há uma corte que avança sobre todos os limites aceitáveis.

 

Pesos e medidas

Vale lembrar o tratamento deste mesmo Supremo aos antecessores do atual inquilino do Palácio da Alvorada. Nunca foram tão rigorosos, os senhores ministros, sem falar aquilo que de maneira geral o cidadão medianamente informado já sabe.

 

Guerra atual

No período recente, bem recente mesmo, em relação a Jair Bolsonaro, o Supremo vetou a nomeação do diretor-geral da PF; depois liberou-geral (quando deveria ter liberado somente os trechos inerentes à Polícia Federal), o vídeo da reunião secreta, de trabalho, do presidente com os ministros pelas mãos de Celso Mello.

Inaceitável

E foi ele mesmo quem encaminhou ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, a petição para que fosse sequestrado o aparelho de telefone celular do chefe da nação. Um absurdo completo? Quando o STF pediu o celular do presidiário Lula da Silva ou da sua sucessora, que foi cassada? Nunca.

Vagabundos

Uma das consequências nefastas da liberação do vídeo. O STF quer que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, seja interrogado. Foi dele a declaração –  na reunião fechada – de que deveriam prender “todos esses vagabundos, a começar pelo STF.”

Queda-de-braço

No outro lado, o governo não quer permitir que ele seja inquirido. Aí as togas supremas estão ameaçando prender Weintraub. Como quem prende é a Polícia Federal, fica a pergunta: a quem os federais vão obedecer? Ao Executivo ou ao Judiciário?

Isolados

O quadro é de extrema tensão. O presidente tem bom apoio popular e parte das forças armadas ao seu lado. Já o STF está isolado. É a instituição, o CNPJ, de longe, mais rejeitado pela opinião pública. A pessoa física mais desgastada perante o brasileiro é Rodrigo Maia, cujo mandato de presidente da Câmara vai até fevereiro.

Jogo de cena

Isso tudo significa que essa crise institucional já instalada pode terminar em ruptura! Neste fim de semana, a população voltará às ruas. Porque já está muito claro que ninguém está interessado em combater Fake News coisíssima nenhuma. Ao conduzir esse inquérito da maneira como vem sendo conduzido, Alexandre de Moraes, combinado com Dias Toffoli e outros “insuspeitos” togados quer é abrir caminho para a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão, eleita com 57 milhões de votos em 2018. Se houver cassação ainda este ano, haverá novas eleições presidenciais, algo que nunca ocorreu neste país.

Alcance

O sigilo fiscal e bancário de empresários muito ligados ao presidente, como o próprio Luciano Hang, foi quebrado para alcançar o período de campanha eleitoral de quase dois anos atrás.

Aos amigos, tudo

Um movimento jamais visto na política nacional. Lembrando que outros presidentes, como os já citados e notórios Lula da Silva e Dilma, foram acusados de abuso de poder político e econômico. Jamais, no entanto, foram alvo de investida tão rigorosa do Supremo. Nem de perto passaram o que está passando Bolsonaro.

Para evitar o pior, o presidente precisa baixar a guarda e o Supremo colocar a mão na consciência. Suas excelências, os deuses do olimpo supremo, estão pisando muito fundo no acelerador.

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