É delicada a situação política em Gaspar neste momento. O prefeito Kleber Wan-Dall (MDB) enviou à Câmara um projeto de lei para desviar o trânsito do centro do município para seus arredores. O tráfego fica congestionado porque Gaspar localiza-se entre Blumenau e o Litoral, sendo via de passagem para milhares de veículos diariamente. Além de “desafogar” o trânsito do centro da cidade, o projeto do contorno viário propiciaria o crescimento da cidade para outras regiões, atualmente tidas como zonas rurais.
Câmara precisa aprovar
O projeto inicial do contorno tem o valor de R$70milhoes. A atual gestão está pleiteando recursos federais, advindos do Programa Avançar Cidades, de R$20 milhões, com intuito de iniciar o projeto. Mas para “concorrer” a este recurso, o projeto de lei precisa da aprovação da Câmara de Vereadores. E aí começa a encrenca. Os vereadores tem “segurado” sua votação desde dezembro/2017, quando a matéria já estava pronta para apreciação.
Atualmente, a capacidade de endividamento do município de Gaspar é de R$ 207 milhões.
Mesmo assim, O Legislativo Municipal tem solicitado uma série de informações técnicas do projeto, causando assim a demora em sua votação.
Há entendimentos claros de que aos nobres edis caberia julgar se o município de Gaspar tem capacidade financeira para contrair tal dívida. Mas eles têm se debruçados sobres tecnicidades da proposta.
Importante frisar. Para entrar na disputa pelos R$ 20 milhões federais, Gaspar precisa que os vereadores aprovem a proposta. Sem a aprovação o dinheiro não é liberado. A celeuma se estabelece justamente porque a Câmara sequer colocou o projeto em votação. Apenas requer uma série de explicações de viabilidade técnica, mas nunca sobre a capacidade financeira do município.
De acordo com um observador privilegiado do quadro em Gaspar, “a Câmara está ‘forçando’ a barra e querendo trocar a aprovação deste projeto para conseguir atender necessidades pessoais e empoderar o ego de alguns vereadores,” decreta a fonte.
Personalismo
Todo esse movimento de tensão se iniciou pela condução do presidente da Câmara, Silvio Cleffi, do PSC. Ele, que inicialmente era situação, devido à coligação MDB, PSC, PP, PTB e PSDC, a mesma pela qual o prefeito se elegeu, se articulou e tornou-se o “cabeça” do Legislativo. Tem controle sobre a Casa e o apoio da oposição, composta em sua maioria pelo PT e pelo PDT.
Há uma vereadora do PSDB que é situação, embora a ausência de sua sigla partidária na coligação de campanha.
São 13 vereadores em Gaspar. Atualmente, a maioria, 7, é de oposição e seis são da base governista.
Esclarecimentos
Outro detalhe importante. Acerca da viabilidade técnica do projeto, Câmara e Executivo já se reuniram duas vezes, momentos em que todos os questionamentos do Legislativo foram devidamente respondidos. Nestas reuniões, em nenhum momento os edis tocaram na questão crucial acerca do projeto: a capacidade de pagamento do município.
Toma-lá-dá-cá
Recentemente, ainda com a Câmara de Gaspar sentada sobre o projeto do contorno viário, nova solicitação partiu do Legisaltivo: que o prefeito grave vídeos com cada um dos vereadores da oposição, nos bairros desses vereadores, comprometendo-se com obras e melhorias que eles (os vereadores) solicitam. Os vídeos devem ser postados, ainda, nas redes sociais de Kleber Wan-Dall. O mesmo atendo observador entende que essa postura de alguns vereadores pode configurar chantagem. “Além de tudo, querem prostituir a imagem do prefeito,” afirma a fonte.
Nessa mesma toada, o grupo de vereadores oposicionistas quer obrigar o prefeito a aprovar a mudança de horário das sessões públicas da Câmara. Elas ocorrem toda terça-feira, às 15h30. Ocorre que vereadores da oposição ocupam cargos concursados na Prefeitura. Inclusive o presidente, que é cardiologista e atende num posto de saúde do município. Para cumprirem com as sessões ordinárias, eles precisam se licenciar de seus cargos concursados, perdendo um de seus rendimentos.
Não bastasse todo esse quadro de politicagem, para dizer o mínimo, os oposicionistas votaram a criação de um cargo comissionado de um advogado que servirá exclusivamente à Presidência da Câmara. Isso que o Poder Legislativo de Gaspar já tem assessoria jurídica em cargo de carreira, concursado.
“Chegamos a um ponto em que as barbaridades que a oposição propõe só podem ser refreadas pela imprensa. A Câmara me parece um carro desgovernado. Não se faz mais política com base em ideais partidários. A câmara busca privilegiar seus interesses pessoais. Honestamente, é assustador, retrógrado,” finaliza a fonte do blog.