No dia 26 de junho, o empresário Amandio João da Silva Júnior deixou, de forma surpreendente, a Casa Civil do governo do Estado. Ele havia assumido em 11 de maio, substituindo Douglas Borba, o ex-todo-poderoso que se envolveu até a medula no escândalo dos respiradores.
Exatos 45 dias depois do desembarque de Amandio, o cargo, estratégico em qualquer governo, segue vago. Pelos lados do Centro Administrativo, confirma-se a informação de que a escolha do novo titular da pasta guarda relação direta com os esforços para tentar barrar a degola de Moisés da Silva (o impeachment que está suspenso também alcança a vice Daniela Reinehr e o secretário de Administração, Jorge Tasca).
Interlocutores do governador também admitem que um deputado estadual pode ser destacado para a função, o que poderia marcar, efetivamente, um novo momento na relação do Executivo com o Legislativo.
Dúvida cruel
Pois muito bem. A demora para a definição, contudo, chama a atenção. Pode ser apenas uma sinalização de que o governador, afeito a inovações não muito ortodoxas em sua atuação política, tem dado menos importância para a Casa Civil. Mas também significar que não está fácil encontrar um parlamentar com perfil e disposição para encarar o desafio neste contexto tão instável da política estadual. A conferir os próximos passos.
Nova investida
Não está fácil a vida de Moisés da Silva e da vice, Daniela Reinehr. Às voltas para barrar o processo de impeachment que já tramita na Alesc, embora temporariamente suspenso pelo Judiciário, o governador recebe nova investida. Outro pedido, este envolvendo um escândalo consumado durante a pandemia e outro que foi candidatíssimo a se consumar, chegou à Casa. Entre advogados e lideranças setoriais, são 16 assinaturas no pedido, que dá voz à insatisfação e à indignação de setores importantes com o atual governo.
Alhos e bugalhos
É compreensível o sentimento de indignação de lideranças e setores econômicos de Santa Catarina em relação a Moisés da Silva. Mas isso não significa que agora vá se impedir um governador por esse motivo. Pelo visto, a Alesc vai empilhar pedidos de impeachment daqui pra frente. Como não é fácil degolar um governador, corre-se o risco de se banalizar o uso desse instrumento.
Relatório
Deputado Ivan Naatz começou ontem a articular a antecipação do relatório final da CPI dos Respiradores.
Depois de quase três meses de trabalho, Naatz avaliou que a CPI, contando ainda com documentos compartilhados dos inquéritos da Força Tarefa que investigou a compra dos 200 respiradores por parte do governo do estado com pagamento antecipado de R$ 33 milhões e sem garantia de entrega , conseguiu reunir elementos suficientes para apontar responsabilidades administrativas e criminais de agentes públicos na aquisição dos equipamentos, além de relacionar também algumas empresas envolvidas.
Incógnita
Como ficam os deputados bolsonaristas anti-Moisés ante a reaproximação do governador e da vice, Daniela Reinehr, que também segue alinhada ao presidente da República? Essa movimentação já trouxe reflexos na Alesc. A conferir os desdobramentos.