Coluna do dia

Casos da política 

Na última segunda-feira, José Sarney completou 93 anos de idade. Nascido em 1930, ele é apenas um pouco mais velho do que Fernando Henrique Cardoso (FHC), que nasceu em 1931. Nos últimos meses, FHC parece ter estado ausente da vida pública, possivelmente devido a problemas de saúde. Apesar de sua idade avançada, Sarney recebeu na sua casa, em Brasília, políticos, magistrados e advogados de vários espectros políticos, desde o PT até o PL, passando por PP, PSD, União Brasil, MDB e outros.
Durante o evento, houve uma presença inesperada e notável: a do senador da República Esperidião Amin, representando Santa Catarina. Amin foi convidado por Sarney através de um amigo em comum, o procurador federal Georgino de Melo e Silva, que é natural do Maranhão, amigo íntimo do ex-presidente e que já fixou residência em Florianópolis há duas décadas. Sarney ficou surpreso e satisfeito com a presença de Amin, pois os dois tiveram um grande contencioso de natureza política no passado.
Lá de trás 
Sarney foi presidente nacional do PDS, partido ao qual Amin foi filiado por muitos anos. Hoje, o PP é o sucessor do PDS. Apesar das fusões e mudanças de nome ao longo dos anos, o PP ainda é considerado uma continuação do PDS.
1980
No início da década de 1980, houve o restabelecimento das eleições diretas e Esperidião Amin foi eleito governador. Tomando posse em 1983. Naquela época Sarney ainda pertencia ao PDS, partido de Esperidião Amin.
Fim do regime militar
Entre 1983 e 1984, Sarney visitou o estado em várias oportunidades, quando Esperidião Amin era Governador.  Em 1985, quando Tancredo de Almeida Neves foi viabilizado como candidato à presidência, escolheu Sarney para seu vice. José Sarney trocou o PDS pelo PMDB.  O então presidente, general João Figueiredo, optou por Mário Andreazza seu ministro, com candidato do PDS no Colégio Eleitoral. Só que Paulo Maluf o derrotou e foi o candidato do PDS contra Tancredo.
Fundação do PFL
Nesse momento um grupo, liderado por Antônio Carlos Magalhães, Marco Maciel, Guilherme Palmeira e o catarinense Jorge Bornhausen, abriu uma defecção no PDS e fundou o PFL, Partido da Frente Liberal, que apoiou Tancredo Neves.
PDS pelo MDB
Esperidião Amin continuou na tese das diretas já, que foram derrotadas no Congresso, prevalecendo o Colégio Eleitoral para a eleição do presidente. Tancredo escolheu Zé Sarney justamente para conquistar votos preciosos tanto no PFL quanto no PDS, do qual ele desfiliou para assinar ficha no MDB.
Não passo a faixa
João Figueiredo o considerou traidor, já que havia sido presidente do partido ao qual o general continuava filiado. E como Tancredo Neves baixou o hospital e não tomou posse, em quinze de março de 1985, Figueiredo se recusou a passar a faixa presidencial a Sarney.
De correligionário a adversário
A partir daí, com a posse de Sarney em março de 1985 ele passou a ter, naturalmente, como correligionários em Santa Catarina os adversários de Esperidião Amin. A começar por Pedro Ivo Campos e Jaison Barreto, que Esperidião Amin derrotou para o governo. Pedro Ivo e todo o MDB passaram a ser correligionários de Zé Sarney. Sarney nomeou Pedro Ivo Campos presidente da TELESC, à época ainda estatal. Os cargos federais ficaram todos para o MDB. Então de correligionário de Amin, Sarney passou a ser adversário.
Seguiram as divergências
Na segunda metade do seu mandato, Amin não gostou nada do tratamento dispensado pela União ao governo estadual. Desta forma, tiveram divergências seguidas e reiteradas. E para piorar, houve o estremecimento ente Esperidião Amin e Jorge Konder Bornhausen. A chegada de JKB ao Ministério da Educação em 1986, acabou potencializando as divergências entre os dois.
Reconciliação
Na última segunda-feira houve justamente a reconciliação entre eles.
E aproveitamos esse final de semana prologado, com o dia do trabalho, para fazer este resgate histórico, em forma de reflexão. Amin e Sarney restabeleceram convivência amigável.
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