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CDH debate circunstâncias da morte do ex-reitor

Uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) discutiu nesta terça-feira (21) as circunstâncias que levaram à morte do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier.

Cancellier estava afastado do cargo de reitor e foi preso temporariamente na operação “Ouvidos Moucos” da Polícia Federal, suspeito de obstruir as investigações sobre desvio de recursos para o custeio da formação de professores do programa de educação a distância. Ele negou a acusação, denunciou a humilhação sofrida ao ser preso, e, em 2 de outubro de 2017, se suicidou.

Para o senador Dalirio Beber (PSDB-SC), presente na audiência, o tema é de extrema importância. “Devemos continuar a discussão em torno do que de fato acometeu o nosso querido e saudoso reitor, ou o que levou as injustiças que foram submetidas. Desejamos que os fatos alcancem as dimensões que devem ter, para que nós aprofundemos o debate e possamos corrigir os rumos da sociedade brasileira, para que seja harmônica, e que respeite os limites que a própria lei impõe a todos nós. O professor Cancellier faz muita falta e continuará fazendo. Que esse debate nos traga luz e serenidade, e que possamos tirar desse fato trágico e lamentável as devidas lições, como homens públicos, e como sociedade democrática de direito”, destacou Dalirio.

O Procurador Federal junto a Universidade Federal de Santa Catarina, Juliano Rossi, informou, na audiência, que tudo começou com denúncias anônimas, que levaram à investigação. Na avaliação de Rossi, a atuação da Polícia Federal e a reação das pessoas podem ter contribuído para o desfecho trágico.

CDH - Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa
CDH – Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa – foto>Ag.Senado, divulgação 

“Eu não consigo compreender o que levou as pessoas a terem uma reação tão extremada. Um suicídio afirma demais e a afirmação que fez nesse caso é a afirmação de uma grande injustiça. E eu espero, realmente, que isso provoque algum tipo de crise de consciência, se não nas pessoas, pelo menos nas instituições”, disse.

Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos, senadora Regina Sousa (PT-PI), medidas excepcionais como prisões devem ser tomadas com cautela e não como holofote.

“A morte do professor Cancellier tem que ser um basta para a gente retomar o Estado de direito deste país. As pessoas não estão mais preocupadas com provas, estão preocupadas com convicção. E convencer a opinião pública hoje está muito fácil, principalmente com o advento das redes sociais. Vira verdade. Uma mentira vira verdade rapidamente”, afirmou.

A audiência foi realizada com a participação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.