Ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, assinou ficha ontem no PSD. A discrição marcou o ato. Considerou-se que não é hora pra muito confete partidário.
Ele chega às hostes pessedistas como grande nome com vistas às eleições de 2022.
Obviamente que o partido dispõe de outras alternativas à cabeça de chapa. A começar pelo próprio presidente do PSD, Milton Hobus. Que, aliás, vem oxigenando a sigla. A chegada dele ao comando partidário foi a dose extra de motivação para que o jovem Napoleão acelerasse o processo de filiação. O ex-prefeito tencionava alistar-se a uma sigla mais adiante.
Milton Hobus chegou tomando a inciativa de enxugar as despesas pessedistas e de interiorizar a legenda. Sob sua batuta, o PSD desencadeou amplo debate interno. Isso tudo acabou motivando Napoleão a definir logo sua nova casa. Além da articulação do presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia, nome referencial nas fileiras do partido.
Nomes
Obviamente que o próprio Garcia é uma alternativa para 2022, assim como Hobus e até mesmo Raimundo Colombo pode ser incluído neste rol. Quem chega, contudo, sob o viés da renovação é Napoleão Bernardes.
Novo foco
Finalizada a migração do blumenauense, as atenções agora vão convergindo ao ex-deputado Gelson Merisio. Como ele disputou o segundo turno na eleição do ano passado, conquistando mais de 1 milhão de votos, o PSD ficou sem nome natural para a próxima disputa.
Opções
O destino mais provável de Merisio segue sendo o PP. O PL está descartado. Ali, o nome natural para disputar o governo é o do senador Jorginho Mello, muito embora no PP a situação não seja diferente. O grande líder do partido no estado continua atendendo pelo nome de Esperidião Amin, também senador e ex-governador de dois mandatos.
Dário no xadrez
O outro senador catarinense, Dário Berger (MDB), pode migrar ao PL, que teria dois representantes na Câmara Alta. Vai para disputar novamente o Senado. Seu mandato termina em 2022, ano que o presidente estadual da sigla, o próprio Jorginho, estará na metade do mandato!
Passado e futuro
Vale registrar, ainda, que Dário Berger não participou das últimas eleições. O partido dele, o MDB, ficou fora do segundo turno, apesar de ter ajudado na eleição de Jorginho Mello. O MDB também foi fundamental para a vitória de Berger lá em 2014. Naquele ano, o hoje senador estava em baixa. Só concorreu – e acabou ganhando – porque o ex-deputado federal Mauro Mariani abriu mão e decidiu concorrer à reeleição. Mariani renovou o mandato de deputado, mas perdeu a eleição ao governo em 2018. Afastou-se e está fora da política.
Passo em falso
Se Mariani tivesse concorrido ao Senado, hoje estaria no meio do mandato. Poderia até ter ficado de fora do turno final do último pleito, mas seguiria no jogo. O grande erro político dele foi lá em 2014, quando entregou uma eleição tranquila de mãos beijadas a Dário Berger, que se preparava para ser candidato a deputado estadual!
Espaço
Gelson Merisio também pode ser novamente alternativa em 2022. Já no que no PP e no PL os senadores devem ser os candidatos, ele poderia inscrever-se no PRB. É partido pequeno, controlado por líderes evangélicos. Pouco provável que o ex-deputado busque ali seu abrigo.
Ninho atraente
É neste contexto que após a saída de Napoleão Bernardes que o PSDB surge como possibilidade real a Gelson Merisio. O partido é outro que ficou sem nome natural com vistas às próximas eleições estaduais. Com Napoleão fora, o ninho hoje dispõe de apenas dois nomes com perspectivas majoritárias. Os dois do Sul: Clésio Salvaro, caso se reeleja prefeito de Criciúma; e a deputada federal Geovania de Sá, que dobrou sua votação no ano passado.
Reconstrução
Há quem lembre que os tucanos têm o ex-senador Paulo Bauer. Convém lembrar que ele perdeu a eleição para continuar no Congresso Nacional. Sua situação assemelha-se à de Raimundo Colombo. Teria que haver uma grande reconstrução para a volta deles, o que não é movimento natural dentro dos partidos.