O avanço dos trabalhos do Gaeco – que agora terá o reforço da CPI que começou, de fato, a atuar na Alesc – vai fechando o cerco em torno do ex-secretário Douglas Borba, da Casa Civil.
Mais um titular de primeiro escalão prestou depoimento aos investigadores, declarando que o vereador de Biguaçu intercedeu em favor da tal Veigamed, a empresa de fundo de quintal que vendeu respiradores superfaturados e ainda não entregou um parafuso sequer ao estado.
Borba, de acordo com o que tem sido dito ao Gaeco, também atuou como lobista em pelo menos outras duas frentes: para as compras milionárias de EPI’s; e na natimorta instalação do hospital de campanha de Itajaí.
Dois integrantes do primeiro escalão e um que já desembarcou, Helton Zeferino, apontam nessa direção, com tudo convergindo para Douglas Borba.
Pior das pandemias
O que ocorre em Santa Catarina enquadra-se num contexto nacional, onde 10 outros estados os investigadores estão em campo para apurar malfeitos com o dinheiro público em plena pandemia.
Há notícias e suspeitas graves de superfaturamento e excessos de Norte a Sul, o que só comprova, efetivamente, que ainda há muito por mudar no comportamento dos agentes públicos brasileiros.
Campo hostil
Agora a bola passa a rolar também no campo da Alesc. No Parlamento estadual, além do viés investigativo para se apurar possíveis crimes cometidas contra o erário, haverá também o aspecto político. A composição da CPI dos Respiradores é amplamente oposicionista.
De quebra, a Casa recebeu mais um pedido para o impeachment contra Moisés da Silva.
Apuração
Agora, o colunista pondera que não dá pra cassar o governador por incompetência ou despreparo. Até o momento, o nome dele não está vinculado diretamente a nenhuma suspeita de corrupção.
E também não se vê clima nas ruas, no dia a dia das pessoas, não há um movimento organizado, público, pedindo a cabeça do chefe do Executivo.
Empossando e atuando
Outro fato relevante nesta semana foi a posse do novo titular da Casa Civil, Amândio João da Silva Junior. Ontem ele passou praticamente o dia na Alesc. É seu teste de fogo fazer uma ponte sólida, consistente entre o Executivo e o Legislativo, algo que ainda não ocorreu. As dificuldades são grandes em função dos erros estratégicos e administrativos cometidos por Moisés e sua equipe. Competente, o novo secretário é. Tanto que chega com respaldo do meio empresarial. A conferir a sua desenvoltura no meio político.
Oportunidade
Aliás, como já registramos aqui, as mudanças, forçadas, na Casa Civil e na Saúde, abriram uma oportunidade ao governador. De fazer uma reformulação ampla em seu Colegiado. O tal governo técnico, da nova política, não tem mais razão de ser. Provou-se incapaz de fazer o estado avançar numa ponta e incompetente para evitar desvios e escândalos.
Peso
Mas é hora de chamar gente com interlocução, nomes de peso. Só ser honesto, ético, não basta, como resta provado após um ano e quatro meses de ‘gestão técnica.”
De aliados a oposicionistas
O pedido de impeachment de Moisés da Silva protocolado ontem na Assembleia teve autoria conjunta. Além da já anunciada iniciativa de Maurício Eskudlark (PL), a peça também é subscrita por Ana Caroline Campagnolo (PSL). Ela ainda é do partido do governador e se elegeu também pedindo votos a ele. Depois, foi uma das primeiras a observar as “mudanças” de rota do chefe do Executivo, especialmente as que levaram ao afastamento de Jair Bolsonaro. A deputada manteve a linha. E ele era, até 31 de dezembro de 2019, o líder do governo Moisés da Silva na Alesc!