O prefeito de Jaraguá do Sul, Antidio Lunelli, almoçou recentemente com o deputado federal Celso Maldaner e com o senador Dário Berger. O trio acertou-se internamente para definir o candidato a governador em outubro, apesar da oposição da bancada estadual. Não ficou patenteado, mas, nas entrelinhas, o encaminhamento para uma chapa pura com Antídio na cabeça, Celso de vice e Dário à reeleição soou como uma solução bastante palatável.
Seria uma composição puro sangue, exatamente como aconteceu nas três vezes em que o MDB chegou ao poder em Santa Catarina.
Ocorreu com Pedro Ivo Campos e Casildo Maldaner em 1986, Paulo Afonso Vieira e José Augusto Hülse em 1994; e Luiz Henrique da Silveira com Eduardo Pinho Moreira em 2002. Houve, ainda, a vitória de 2006, mas aí já na reeleição de LHS, que cedeu a vice para o PSDB.
O trio emedebista praticamente havia fechado questão, sem qualquer conversa na direção do governador Moisés da Silva.
O detalhe é que Antídio Lunelli saiu desse momento importante, praticamente acertando o baralho com os dois adversários internos e foi se encontrar com Paulo Bornhausen e Gean Loureiro, em agenda articulada pelo deputado Carlos Chiodini.
Como se não bastasse, liberaram a foto do encontro logo depois! É o samba do crioulo doido. Como assim, cara-pálida?
Antídio se deixou fotografar com dois arquinimigos de Dário Berger. Gean Loureiro, pra quem não lembra, desembarcou do MDB e foi para o DEM para se reeleger na Capital em 2020, traindo quem? Dário Berger! O movimento foi tão intenso que levou o senador emedebista a sentar, e não só sentar, como a se acertar com os tradicionais rivais Angela e Esperidião Amin. É uma ferida política recente e que mexe com os brios do emedebista.
Voltando um pouco mais no calendário, convém rememorar, também, que Dário teve uma eleição polarizadíssima contra Paulo Bornhausen em 2014, disputando a Câmara Alta voto a voto. Para “melhorar” o quadro, o emedebista é desafeto também do pai de Paulinho, o ex-senador Jorge Bornhausen. Já de longa data.
Daí Antídio Lunelli sai diretamente da conversa com os correligionários para se avistar justamente com duas figuras que Dário Berger não digere?
Naturalmente que Dário Berger está subindo nas tamancas. Durou poucas horas o acerto entre o trio emedebista. O jogo foi completamente desarticulado depois deste passo em falso e de difícil explicação.
Obviamente que o encaminhamento correto seria esperar a resolução das questões internas do MDB para depois então avaliar e conversar sobre coligações. Da forma como ocorreu, serviu apenas para dois propósitos: fortalecer os argumentos da bancada estadual do MDB de que nada tem que ser definido agora; e enfraquecer o trio de pré-candidatos nas hostes do Manda Brasa.
Foi uma jogada extremamente infeliz e equivocada da dupla jaraguaense Chiodini e Antídio, mostrando que a articulação política do deputado deixou bastante a desejar.
Não custa lembrar, ainda, que Carlos Chiodini foi o sucessor de Paulo Bornhausen na Secretaria de Desenvolvimento Econômico na virada do primeiro para o segundo governo de Raimundo Colombo.
Chiodini e Bornhausen sempre se deram muito bem. Outro componente:o Podemos está na prefeitura da Capital, onde ocupa cargos importantes, o que aproximou Bornhausen de Gean Loureiro. Todo esse contexto de ligações favoreceu a execução desta desastrada gambiarra política.