A contagem é mais do que regressiva, já chegamos ao dígito único. Faltam apenas oito dias para as eleições. Pleito aguardado com muita expectativa em Santa Catarina. Nunca houve tantos candidatos ao governo no estado.
Eram 10 postulantes. Sobraram nove depois de o TRE-SC defenestrar, por unanimidade, a candidatura do PCO. O que também não fará a menor diferença do ponto de vista eleitoral.
Pra valer mesmo, são cinco nomes no páreo: governador e candidato à reeleição, Moisés da Silva; os ex-prefeitos Gean Loureiro (Florianópolis) e Décio Lima (Blumenau); e os senadores Jorginho Mello e Esperidião Amin.
Considerando-se, no entanto, o cenário, a partir de análise de dados de pesquisas internas com alguma confiabilidade e do sentimento em segmentos consideráveis da sociedade dá pra afirmar que a transferência de votos vista em 2018 irá se repetir. Não na mesma intensidade de há quatro anos. Mas ainda assim com muita força.
Fator Bolsonaro
A musculatura eleitoral de Jair Bolsonaro será decisiva. O colunista, lá no começo da campanha, avaliava que o presidente da República faria, no máximo, 50% dos votos em Santa Catarina. Mas já reviu este índice. Bolsonaro deve conquistar, no mínimo, 60% dos sufrágios catarinenses. Em 2018, o presidente recebeu 66% dos votos no estado.
Pivô
Nesse contexto de transferência, depois do vídeo de apoio formal de Bolsonaro à sua candidatura, somada à declaração do empresário Luciano Hang, na mesma direção, praticamente colocam Jorginho Mello no segundo turno. Só um fato novo e muito impactante para mudar esse quadro. Significa que outros quatro candidatos disputam a outra vaga para o round final da eleição.
Quatro por dois
A disputa deve se restringir, contudo, às figuras de Moisés da Silva e Décio Lima. Resta saber se o MDB, num esforço final, vai potencializar a candidatura do governador. Até agora, o partido, na base, não abraçou o projeto.
Candidato do Lula
Quanto a Décio Lima, a conferir até que ponto teremos a verticalização nacional. Lula da Silva deve fazer cerca de 25% dos votos. Todo esse percentual será transferido para o candidato a governador?
Poste
Há quatro anos, o petista catarinense, sozinho, recebeu 13% dos votos válidos. O poste Fernando Haddad teve 15% da votação catarinense. Vale lembrar que o ex-prefeito de Blumenau é muito mais ligado a Lula do que a Haddad.
Por fora
Evidentemente que não dá pra descartar os dois representantes da Grande Florianópolis, Esperidião Amin e Gean Loureiro. Não estão fora do páreo embora a coluna avalie que os dois primeiros citados têm melhores perspectivas de turno decisivo nesse momento.
Câmara Alta
A realidade de transferência vai impactar e muito provavelmente definir a eleição ao Senado. A única vaga. Jorge Seif chega na reta final com grande favoritismo. Jair Bolsonaro tem pedido semanalmente por ele. Foi quem o escolheu como candidato. O empresário Luciano Hang indicou os dois suplentes na chapa, pegou o jovem líder pelo braço e tem percorrido o Estado. A perspectiva dele chegar à Câmara Alta é uma realidade.
Com Jorginho
Importante pontuar, ainda, que Luciano Hang, que estava numa posição de neutralidade em relação à disputa ao governo, agora pede votos a Jorginho Mello. Jorge Seif, que se aproximou muito de Hang, deve ter ajudado nessa definição em favor do senador do PL e companheiro de chapa. É o famoso ganha-ganha eleitoral.
Liderança legítima
Ao fim e ao cabo, chega a ser surpreendente a paixão do catarinense por Bolsonaro. O presidente foi o que mais ignorou os pleitos legítimos de Santa Catarina desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso.
Ideais e valores
Como Jair Bolsonaro representa hoje muito mais um ideal de vida, de liberdade e de valores que tentaram solapar e soterrar, sem sucesso, ele é um fenômeno político e eleitoral no estado.