Os sinais emitidos pelo Centro Administrativo, de que pretendia mesmo ir para o confronto na polêmica questão do aumento do ICMS de agrotóxicos ou defensivos agrícolas (como queiram), azedaram o clima no Parlamento estadual. Entrou mais pimenta na já delicada relação entre Executivo e Legislativo sob Moisés da Silva. A temperatura chegou quase ao ponto de fervura, ideal para levar ao forno o projeto legislativo do deputado Marcos Vieira e que posterga o aumento de impostos até o fim de agosto. A proposta estava prevista para ir ao plenário da Casa ontem ainda, depois de ter sido aprovada nas comissões.
Neste contexto caberá aos deputados chamarem o governo e os setores produtivos ao entendimento até 31 de agosto.
A divisão entre apoiadores e contrários à taxação de produtos químicos usados na produção de alimentos chegou inclusive ao léxico. Os favoráveis afirmam que a majoração tributária recai sobre os agrotóxicos. A turma lá da ponta, da produção, que se posicionou com firmeza contra mais carga tributária, chama os químicos de defensivos agrícolas.
Solavanco
Seja como for, o fato é que já se utiliza os defensivos ou agrotóxicos em larga escala há décadas. Sem entrar no mérito, é fato que Santa Catarina não pode abrir mão do seu uso assim, de uma hora para outra, de supetão, até porque há entendimentos indicando que os produtos não fazem mal à saúde. O desenvolvimento das culturas ficaria comprometido.
Patamar
Caso permaneça o estabelecido pelo governo, taxando em 17% os produtos químicos, o estado fica em absoluta desvantagem em relação aos vizinhos Rio Grande do Sul e Paraná. Obrigaria os produtores daqui a buscarem os insumos lá. Trocando em miúdos: um verdadeiro tiro no pé para os catarinenses.
Mão e contramão
Nesta guerra do ICMS, evidenciou-se posturas absolutamente opostas entre Moisés da Silva e Jair Bolsonaro.
O presidente apoia abertamente o uso de defensivos no agronegócios. O governador, a seu turno, é totalmente contrário. Os dois são do mesmo partido. Especificamente neste assunto, o governo catarinense está na contramão. Sua posição provoca reflexos negativos na economia local.
Colegiado
A bancada de deputados que representam o Oeste de Santa Catarina na Assembleia, num total de 15 parlamentares, fechou questão ontem contra o aumento de ICMS. Como são 40 deputados estaduais, faltavam apenas mais seis votos para o governo sofrer nova derrota no Parlamento Estadual. O colegiado oestino é coordenado pela deputada Marlene Fengler.
Descaso
Todo esse processo também tem relação direta com a falta de cumprimento de palavra empenhada. O governo estadual comprometeu-se a conversar com o setor produtivo antes de aumentar impostos e não foi isso o que ocorreu até a semana passada, quando as novas alíquotas de ICMS passaram a vigorar. Aí a Alesc teve que entrar no circuito outra vez.
PSL
Deputada Ana Campagnolo, do PSL, faz parte da bancada do Oeste. Votaria contra, portanto, a majoração tributária. O quadro de enfretamento estabelecido pelo Centro Administrativo criou uma saia-justa daquelas para os parlamentares pesselistas.
Namoros
Depois de PP e PL, leia-se senadores Esperidião Amin e Jorginho Mello, o deputado Ivan Naatz foi procurado pelo PRB. De saída do PV, Naatz sentou com o colega deputado estadual Sérgio Motta. As portas da legenda estão escancaradas para o deputado blumenauense.