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Colombo e Gavazzoni são absolvidos

Raimundo Colombo (foto de capa), pré-candidato ao Senado pelo PSD, e Antonio Gavazzoni (foto interna), ex-secretário da Fazenda do próprio Colombo e cunhado de Gelson Merisio (que o indicou para a função), o pré-candidato do partido ao governo, estão comemorando a decisão judicial, em primeira instância, de arquivar a investigação contra ambos a aprtir da delação de Ricardo Saud, ex-executivo da JBS. O texto abaixo é do competente colega Upiara Boschi, do grupo NSC, que trouxe todos os detalhes da decisão. Evidentemente que Colombo e Merisio, sobretudo o ex-governador, saem politicamente fortalecidos do episódio. Importante lembrar, contudo, que Colombo ainda será avaliado pela Justiça Eleitoral, mas o processo certamente se enfraquece a partir da decisão desta segunda-feira. O despacho é do juiz Fernando Vieira Luiz, da Capital. Confira:

“Um dos maiores pesadelos do ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e do ex-secretário Antonio Gavazzoni (PSD) está chegando ao fim. O juiz Fernando Vieira Luiz, da 2ª vara criminal da Capital, aceitou a recomendação do Ministério Público de Santa Catarina e mandou arquivar o processo que apurava a delação premiadas em que os pessedistas eram apontados como beneficiários de R$ 10 milhões da JBS para campanha eleitoral em troca da venda da estatal Casan.

O caso chegou à Justiça catarinense após a renúncia de Colombo, em abril. Como a Procuradoria-Geral da República ainda não havia apresentado uma denúncia sobre essa investigação, todo o material foi encaminhado à 27a Promotoria de Justiça, que atua na área de moralidade administrativa. Em um parecer de 14 páginas, a promotora Rosemary Machado Silva aponta que a narrativa do delator Ricardo Saud, ex-executivo da JBS, não sobrevive à contextualização dos fatos.

A promotora ressalta que a operação de venda de 49% das ações da Casan, iniciada em 2011, já havia sido suspensa por decisão do governo – ato registrado por ofício da Secretaria da Fazenda à estatal – em 2013, um ano antes da doação registrada de R$ 8 milhões da JBS para a campanha à reeleição de Colombo e de outros R$ 2 milhões que o delator dizia terem sido entregues em dinheiro vivo a Gavazzoni ou alguém indicado por ele através dos supermercados Angeloni.

Rosemary Machado Silva também questiona a falta de detalhamento das ações na delação de Saud – que ignora em seu relato a obrigação legal de que a venda das ações da Casan fosse realizada na Bolsa de Valores e resumia a operação em um edital “escrito a quatro mãos” que seria feito posteriormente. Também estranha a fala do delator sobre o momento em que o acerto entre JBS e Colombo teria sido consumado -um “balanço de cabeça” do governador e de Joesley Batista, um dos proprietários do grupo – o que a promotora considerou “inexpressiva prova de aceite”.

Além de Colombo e Gavazzoni, foi ouvido – a pedido de PGR – o presidente-executivo do grupo Angeloni, José Augusto Fretta. Ele confirmou que a JBS solicitou R$ 2 milhões em espécie e classificou a operação como não usual, mas que a pessoa que recebeu os recursos “possivelmente pertencia ao grupo JBS”. Esclareceu, trazendo 429 notas fiscais como comprovação, que o valor foi tratado como um adiantamento compensado assim que produtos chegavam.

A promotora questiona a concessão do benefício de delação a Saud diante da precariedade do relato feito por ele em relação a Colombo e Gavazzoni. Diz que o delator “divaga sem preocupar-se em relatar a efetiva ocorrência dos fatos incriminadores” e que apresenta “comportamento indigno com o instituto da delação premiada” ao dizer que não lembra quem teria ido buscar os R$ 2 milhões antecipados junto à empresa supermercadista.

– Sem maiores detalhes, nem descrições pormenorizadas e nem datas correlatas, se encerra a delação do colaborador Ricardo Saud, livrando-se das penalidades – critica a promotora.

Foi com esse tipo de relato pouco consistente que Saud e Joesley Batista quase derrubaram a República em maio do ano passado, ao narrar propinas eleitorais para 1.829 políticos de todos o país, de todos os principais partidos. Um ano depois, estão tão desmoralizados quanto os que quiseram desmoralizar. Não conseguiram manter isso, viu.”

GAVAZZONI DUPLAMENTE ABSOLVIDO

O Ministério Público de Santa Catarina determinou, nesta segunda-feira (16), o arquivamento da investigação contra o ex-secretário da Fazenda, Antonio Marcos Gavazzoni, relacionada à empresa JBS. Em março, a Procuradoria Geral da República já havia absolvido o ex-secretário no caso ligado à Odebrecht. “Estou muito feliz com essa notícia, agradeço à Procuradoria Geral de Justiça e ao Ministério Público Estadual pelo profissionalismo e a todos que confiaram em mim. Saí voluntariamente do governo para provar minha honestidade e a verdade por fim apareceu”, disse Gavazzoni. Por 11 anos, ele ocupou os cargos de secretário de estado da Administração, presidente do grupo Celesc e secretário da Fazenda, pasta que deixou em maio de 2017 para trabalhar na sua defesa.

ATUALIZAÇÃO

Raimundo Colombo comenta decisão da Justiça de arquivar delação da JBS

O ex-governador Raimundo Colombo diz receber com tranquilidade a decisão do juiz Fernando Vieira Luiz, da segunda vara criminal de Florianópolis, que aceitou a recomendação do Ministério Público de Santa Catarina e determinou o arquivamento do processo que apurava a delação premiada de executivo da empresa JBS. O parecer da promotora Rosemary Machado Silva tem 14 páginas e conclui que a narrativa do delator Ricardo Saud não sobrevive à contextualização dos fatos.
“Sempre acreditei na Justiça e tinha absoluta certeza de que esse seria o resultado. Por uma questão de consciência, porque não havia cometido nenhum crime ou ilegalidade”, afirma.
Colombo observa, contudo, que os prejuízos a sua imagem foram grandes. “É como se você jogasse um saco de penas de cima de uma torre. Nunca mais conseguiria juntar todas elas”, lamenta, ao lembrar que o sofrimento durante todo esse período foi muito grande.
O ex-governador destaca que a Justiça traz um conforto e faz aumentar a fé de que a democracia é o melhor sistema que a sociedade tem para se proteger. “Esse momento repõe a verdade e me sinto seguro de que vale a pena acreditar na Justiça”, ressalta.