Depois de nove meses de administração de Moisés da Silva, o cenário político no contexto estadual está um pouco mais claro. A pergunta que se fazia até há bem pouco tempo era quem faz ou fará oposição ao governo do pesselista? Desconsiderando-se a Assembleia Legislativa, onde a convivência entre o governador e os deputados, inclusive os correligionários, é tumultuada, o papel, legítimo, de oposicionista, foi assumido por Raimundo Colombo.
Ex-governador, ele pilotou Santa Catarina por sete anos. Justamente no período em que a maior crise financeira da história recente assolou este país. Em nenhum momento, no entanto, Colombo majorou impostos. Ao contrário do que ocorreu em vários outros estados.
É neste contexto, de aumento de impostos, que o ex-governador tem se posicionado na trincheira oposicionista. Quase como uma voz isolada.
Trio silencioso
Senão, vejamos. Gelson Merisio, do PSD de Colombo, que foi para o segundo turno em 2018, justamente contra o atual governador, decretou silêncio absoluto. A exemplo da postura adotada até aqui pelos outros candidatos de relevo no ano passado, Mauro Mariani (MDB) e Décio Lima (PT). Todos mergulharam no oceano da quietude, potencializando a ofensiva do ex-governador.
Dupla quieta
Outros dois nomes que poderiam se opor a Moisés da Silva neste momento são os dos senadores Esperidião Amin e Jorginho Mello, eleitos em 2018. Os dois, contudo, também não se manifestam em relação à condução do atual inquilino da Casa d’Agronômica.
Blumenau ignorada
Segunda-feira, 2 de setembro, marcou o aniversário de 169 anos de Blumenau, terceira maior cidade do estado.
Inauguração de obras e festividades foram promovidas pela prefeitura e entidades locais. Politicamente, chamou muito a atenção a ausência, sem justificavas, do governador Moisés da Silva ou da vice, Daniela Reinehr.
Nem secretário
Delegado-geral de Polícia, Paulo Koerich, que é da cidade, compareceu. Mas o Centro Administrativo não enviou sequer um secretário de estado a Blumenau. Inaceitável. Uma falha imperdoável do governo para com a cidade e a região, tão importantes para Santa Catarina.
Obras
O governo estadual está devendo a Blumenau e região não só na seara administrativa. Faltam obras e ações também. A SC-108 está parada. O projeto de 15 quilômetros visa a facilitar o acesso dos bairros ao Norte da BR-470 ao centro da cidade, o que também contribuiria para desafogar a estrangulada rodovia federal.
Política
Por fim, ao ignorar olimpicamente Blumenau, Moisés da Silva pode estar prejudicando o líder da bancada do PSL na Alesc, deputado Ricardo Alba.
Ele é fortíssimo candidato a prefeito em 2020. No momento, surge com perspectivas de polarizar o pleito do ano que vem com o atual alcaide, Mário Hildebrandt.
Reflexo
Até este episódio sobre o aniversário de Blumenau, Ricardo Alba sempre vinha usando a tribuna da Alesc para enaltecer as ações do governo do estado e as do governador. Na sessão desta terça-feira, contudo, o blumenauense mudou um pouco o tom. Ele cobrou a reposição da inflação nos salários dos servidores estaduais da segurança pública, que estão há quase seis anos sem reajuste. “Não culpamos o atual governo pela situação, mas cobramos as medidas necessárias para sanar esse problema.” Seria um reflexo de que a relação do parlamentar com o governador já não seria mais a mesma? A conferir.