O racha no PP
O Progressistas, mais conhecido como PP, está irremediavelmente rachado no contexto nacional. Reunião realizada na semana passada em Brasília escancarou a divisão da sigla. O poderoso presidente reeleito da Câmara, Arthur Lira, não marcou presença. Bem como vários deputados da legenda, inclusive o novo ministro dos Esportes, que substituiu a catarinense Ana Moser (ex-jogadora de vôlei). O mais recente titular da Esplanada responde pelo nome de André Fufuca. Não é fofoca, é Fufuca mesmo.
O ministro, não custa rememorar, esteve alinhadíssimo com a campanha de Jair Bolsonaro no primeiro e no segundo turnos de 2022, inclusive com discursos vibrantes contra o atual inquilino do Palácio do Planalto.
A coerência política e ideológica há muito tempo deixou de ter valor para inúmeros políticos.
A salvação do PP passa pelo fato de que a maior parte do partido está na oposição sob a liderança do senador Ciro Nogueira, do Piauí, presidente nacional da legenda e que foi ministro da Casa Civil no governo passado. Ficou muito claro que quem está na atual esplanada não representa o PP.
Atenção!
Os filiados ao partido que se pronunciarem como governistas estarão sujeitos a serem submetidos a processo de expulsão. O recado foi dado. Especialmente para Lira, que é um governista de plantão, faça chuva ou faça sol. Além de ter emplacado o ministro do Esportes, o presidente da Câmra pretende também nomear o futuro presidente da Caixa Econômica Federal (CEF).
Lado
É o PP assumindo uma posição clara, buscando depuração. Corre o risco de encolher, mas fortalece uma bandeira e o seu posicionamento. Isso agrada muito ao partido em Santa Catarina. Por aqui, os progressistas são oposição a Lula da Silva.
Direita
O PP-SC está alinhado a Bolsonaro e ao PL. Isso é fundamental para as perspectivas eleitorais da legenda em 2024, em Santa Catarina.
GPS ideológico
Considerando-se os 10, 12 maiores colégios eleitorais do país, SC é o estado mais bolsonarista e conservador. O PP não deseja se descolar dessa realidade. Muito pelo contrário. Até para tentar manter o número de prefeituras que administra hoje no estado. A sigla vem perdendo musculatura nas últimas eleições.
Caminho natural
O quadro local faz com que o PP se alinhe ao PL. Proximidade que não deve desaguar em grande quantidade de alianças nas eleições municipais, quando cada partido cuida de seu projeto local. Mas tem tudo para prosperar na recondução de Jorginho em 2026. O governador e o senador Esperidião Amin não estarão em rota de colisão. Os dois vão buscar a reeleição.
Meio campo
Por isso recrutaram o ex-deputado, ex-presidente do partido, ex-secretário de Estado, que ocupou, ainda, uma Secretaria Nacional no governo federal, Leodegar Tiscoski, para assumir temporariamente a proa do PP estadual. Ele tem experiência de sobra para tentar reaglutinar o partido, trazendo os três deputados estaduais, Zé Milton, Altair Silva e Pepê Collaço, para mais perto do núcleo partidário.
Proximidade
Tiscoski sempre foi ligado a Esperidião Amin. A partir daí, o PP vai tentar sobrevida no estado em sintonia com o comando nacional e não só na figura de Ciro Nogueira mas também da senadora Tereza Cristina. A sul-mato-grossense foi ministra de Bolsonaro. O partido a lançou pré-candidata à Presidência em 2026. Muito provavelmente para opção de composição.
Rearranjo
Tereza ficou no espaço que era de Simone Tebet, do MDB. A emedebista, se tentasse a reeleição ao Senado contra Tereza perderia de lavada. Por isso optou por disputar a Presidência no ano passado e hoje é ministra de Lula da Silva.
Cogitação
Tereza Cristina chegou a ser opção para vice de Bolsonaro no ano passado, mas ele optou pelo General Braga Neto. O fato é que o PP busca seu próprio caminho. Deixando, contudo, muito claro que a direção é alinha ao conservadorismo e ao bolsonarismo.
Sobrevivência
Tal alinhamento é fundamental para que o partido se mantenha no jogo e indispensável para o PP catarinense não cair em descrédito junto ao eleitorado catarinense. Qualquer vinculação com o governo Lula seria desastroso para o projeto estadual visando os dois próximos pleitos.
Saia justa
Aliás, essa é a situação hoje vivenciada por dois partidos em SC, duas legendas que querem apresentar uma candidatura de centro por aqui. Partidos que atendem pelo nome de PSD e de União Brasil.
Quarto lugar
Estiveram juntos em 2022 com Gean Loureiro ao governo, Eron Giodani de vice e Raimundo Colombo ao Senado. Gean ficou em quarto lugar na corrida pelo Centro Administrativo.
Futuro
O trio acabou derrotado, pois Raimundo Colombo viu Jorge Seif abrir grande vantagem ao Senado. O PP quer se descolar desse desgaste. O caminho é consolidar a relação com o PL para o projeto sucessório estadual de 2026.