Coluna do dia

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PT: derrotas e desgaste

Durou pouco o efeito da manobra que guindou o vice-presidente, Michel Temer, à condição de articulador político do Planalto. Depois de umas duas semanas de respiro, o governo voltou a ser sufocado no Congresso. E o partido do governo, o PT, tornou a ouvir o som desabafado das ruas.

Na terça-feira, Dilma e seu time foram sonoramente derrotados na Câmara, que aprovou a PEC da Bengala, estendendo a aposentadoria compulsória de 70 anos para 75 anos aos ministros dos tribunais superiores. Isso significa que a presidente não poderá mais indicar cinco novos integrantes ao STF, que estavam na iminência de vestir o pijama durante o segundo mandato dela. No total são 20 ministros que ela deixará de nomear, considerando todos os tribunais com sede em Brasília.

Que a presidente não tem tato político, todo mundo sabe. A novidade, para pior, é que o líder do PMDB retirou a apoio às duas medidas provisórias do ajuste fiscal – consideradas a tábua de salvação do segundo governo Dilma –  depois da fala de Lula da Silva, o habilidoso, no programa do PT na TV.

O arrocho fiscal pode até passar nas próximas horas, mas é evidente que o quadro se deteriorou de vez no Congresso Nacional. A tal  base está esfacelada, no melhor estilo salve-se quem puder. Quadro agravado pelos próprios congressistas do PT, que não emprestaram apoio total e irrestrito às medidas propostas pelo ministro Joaquim Levy. Ou seja, se o partido de Dilma não fechou questão, como exigir que as demais legendas que gravitam o poder se comprometam a assumir o desgaste a partir da impopularidade da reforma fiscal governista.

 

 

Marca desgastada

Não bastasse as encrencas legislativas, o PT, legenda de Lula e sua criatura, enfrenta seu pior momento desde a fundação em 1980. De partido de vestais, dono da moral e da ética, o PT passou a ser sinônimo de corrupção generalizada. Na terça-feira, quando da veiculação do programa petista na televisão, houve panelaços, vaias, buzinaços e outras manifestações contrárias em 18 Estados e no Distrito Federal. O ex-metalúrgico foi o principal alvo da insatisfação social.

 

 

De Norte a Sul

O tamanho da insatisfação é digno de registro, considerando-se que o ex-mito Lula da Silva era a principal estrela vermelha na telinha. Sua pupila evitou dar o ar da graça. Nos bastidores, os petistas que não avaliam a possibilidade de mudar de sigla, começam a considerar, seriamente, a possibilidade de uma fusão partidária para  mudar o nome e o número do partido.

 

Quem te viu

Assumir uma candidatura hoje pela sigla petista enseja pedir votos sob um desgaste brutal, cujos reflexos devem ser sentido mais fortemente já no pleito municipal do ano que vem. Nem mesmo a Arena no auge da ditadura enfrentou tamanha rejeição.

 

Resgate

Para quem não lembra, a própria Dilma Rousseff escondeu a marca PT e o número nas eleições do ano passado, temendo ainda mais dificuldades para assegurar o segundo mandato.

 

 

Láurea

A coluna está em dúvida sobre quem merece o troféu derrapada do ano até aqui: Eduardo Pinho Moreira, que de Nova Iorque detonou a administração da qual é vice-governador, ou Lula da Silva, que em tom de ódio atacou frontalmente os deputados que aprovaram o projeto de terceirização da mão de obra.

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