Embora o ex-presidente da Assembleia Legislativa, que é um dos políticos mais influentes nos bastidores até aqui, o deputado estadual reeleito Julio Garcia (PSD), já comece a ser observado como um dos possíveis nomes para presidir a Assembleia Legislativa a partir de 2023, de acordo com atentos observadores, o quadro não é favorável ao pessedista.
Importante pontuar, ainda, que não se sabe se o próprio Garcia vai se dispor a articular neste sentido. Os desdobramentos da Operação Hemorragia, a partir de novas delações premiadas, serão um fator de dificuldade a mais para o experiente parlamentar.
Além disso, o quadro político extraído das urnas no domingo mostra um fortalecimento histórico do PL, partido do presidente Bolsonaro e do senador Jorginho Mello, favoritíssimo para vencer o segundo turno no estado contra Décio Lima (PT).
Musculatura
Sozinha, a sigla terá 11 das 40 cadeiras do Parlamento Estadual. Significa um índice muito próximo de 28% dos deputados estaduais que começarão a próxima legislatura.
PL-MDB
As possibilidades altíssimas de Jorginho tornar-se o novo governador reforçarão a posição do PL no Legislativo. O MDB encolheu muito, mas ainda terá seis deputados. Um acordo entre as duas legendas, por exemplo, já garantiria 17 dos 21 votos necessários para se eleger o presidente da Assembleia.
Polêmica
Três nomes despontam dentro da sigla. Ana Campagnolo, conhecida nacionalmente por suas posições claras, firmes e diametralmente opostas aos preceitos da modinha esquerdista neste país. Ela fez mais de 192 mil votos, votação nominal superior a 15 dos 16 deputados federais eleitos no domingo.
Futuro
Apesar de combativa, articulada e inteligente, talvez ela não tenha o perfil aglutinador que é necessário para o comando da Alesc. Bem como ainda pode lhe faltar um pouco estofo político, de bagagem, de rodagem. Mas é um nome a ser observado e respeitado.
Boa gente
Outro reeleito da safra de 2018 é o deputado Sargento Lima, que tem base em Joinville.
De bom trato e com boa votação, é um perfil em ascensão na política estadual. Foi dele o voto que tirou o mandato-tampão que cairia no colo do próprio Julio Garcia em 2020, quando da votação para abertura do primeiro pedido de impeachment contra Moisés da Silva e Daniela Reinehr. Lima surpreendeu a todos e votou a favor da vice-governadora (eleita deputada federal), que acabou assumindo interinamente e evitou a ascensão ao poder do deputado pessedista.
Favorito
Considerando-se a experiência e as décadas de conhecimento e contato que mantém com o provável futuro governador, o deputado Maurício Eskudlark, desponta como o favorito entre os liberais e, por consequência, como nome fortíssimo para pilotar a Alesc no próximo biênio.
Estrada
Ele conquistou a reeleição para o quarto mandato consecutivo, desfruta de bom trânsito no meio político e é o atual vice-presidente do Parlamento catarinense. Ao natural, se souber construir, desde que em consonância com Jorginho Mello, Eskudlark entra com toda força no jogo.
Puxadinho
O advogado Ralf Zimmer Júnior, que concorreu ao governo de SC pelo PROS, não acredita que o deputado Julio Garcia vá tentar um quarto mandato de presidente na Assembleia Legislativa.
“O recado das urnas em Santa Catarina foi claro: grupos investigados por corrupção foram descartados pelos eleitores. Com todo respeito à longevidade de Júlio na vida pública, é chegada a hora de o Parlamento Catarinense ter nova presidência diante destas circunstâncias.
A Alesc não pode virar puxadinho unipessoal de ninguém, muito menos do grupo que perdeu acachapantemente tudo que se refere à eleição majoritária nas urnas,” avalia o causídico.