Muito bem equilibrado, muito bem assentado em suas formulações nas primeiras entrevistas e movimentos o secretário Amândio João da Silva Júnior, novo titular da Casa Civil de Santa Catarina.
Comprovou-se que o governo precisava de uma cabeça mais arejada, exatamente como a do jovem empresário. A confirmação de seu nome provocou grande repercussão positiva, tanto no ambiente empresarial como na seara política.
A agenda do secretário na Alesc, terça-feira, já causou boa impressão. Evidentemente que andamento dos cinco pedidos de impeachment não vão simplesmente parar por cauda do novo modus operandi a partir da Casa Civil.
Amândio Silva Júnior, contudo, demonstrou disposição para o diálogo, para a conversa, algo fundamental e necessário a qualquer governo, mas que andava absolutamente em falta pelos lados do Centro Administrativo.
Fechado em copas
Moisés da Silva ficou muito blindado, ninguém chegava perto dele. Também por isso, para que a atuação do secretário tenha resultados, o governador precisa adotar postura e disposição diferentes daqui em diante.
Tem que estar mais aberto. Se as formulações do secretário forem seguidas, poderemos viver um novo momento na era Moisés em Santa Catarina.
Foco principal
Evidentemente que a pandemia segue no foco central do governo. Paralelamente a isso, seguirão as investigações e a CPI criada na Alesc para detalhar como foi esse negócio, indecoroso, escandaloso, da compra dos respiradores por R$ 33 milhões pagos adiantados sem qualquer garantia.
Nome limpo
O novo período da gestão estadual, porém, está diretamente atrelado a outro fator: a não participação de Moisés da Silva nesse processo ora sob investigação. Temos que partir da premissa de que o chefe do Executivo está limpo, incólume a tudo isso e que não teve qualquer participação nessa história.
Agora, se houver provas do envolvimento dele, seja no contexto administrativo, seja no âmbito da ilicitude, aí o jogo muda e o impeachment passará a ser um instrumento severo.
Sociedade em silêncio
Não há clima na sociedade, não há clamor popular em favor da degola do governador. Evidentemente que impeachment é um processo muito mais político do que técnico, mas os políticos não vão conseguir aprovar a cassação de Moisés da Silva sem o devido amparo legal e ético a partir da atuação do governador.
Força das urnas
Ainda mais tratando-se de um eleito com 71% dos votos. Ah, mas foi eleito na onda Bolsonaro, na força do 17. É verdade, o que não muda o fato concreto de que ele recebeu esta votação expressiva em outubro de 2018.
Abrindo o leque
Outros dois pontos fundamentais: a ampliação das mudanças no primeiro escalão, dando uma oxigenada geral com nomes de peso, dotados de respeitabilidade e interlocução junto à sociedade catarinense; e a construção de uma base mais sólida na Assembleia Legislativa.
Manda Brasa
E aqui se faz necessária a reaproximação do governo com o MDB, relação que vinha sendo construída e que estremeceu com a cooptação de emedebistas para o PSL com vistas ao pleito municipal que se avizinha. Sim, porque o MDB é um partido de gente inteligente e experiente. Eles sabem que o naufrágio do atual governo não implicará em benefício direto ao partido quando o assunto são as eleições majoritárias de 2022. Os maiores beneficiados ante uma eventual derrocada de Moisés da Silva serão justamente os adversários do MDB.