Ao derrubar 18 vetos de Jair Bolsonaro ao projeto de “abuso de autoridade”, o Congresso– que manteve 15 itens da proposta – mandou um claro recado. Mas não ao presidente da República. O alvo é o ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Além do aguçadíssimo sentido de autopreservação, inerente ao animal político, suas excelências aproveitaram para externar sua contrariedade em relação ao mandado de busca e apreensão, autorizado pela Justiça, tendo como alvo o senador Fernando Bezerra, líder do governo, e o filho dele, semana passada. Os dois são acusados de receber mais de R$ 5 milhões em propinas.
De alguma maneira, o ato corporativo do Congresso busca tolher o poder de ação dos agentes públicos que investigam a roubalheira do dinheiro dos pagadores de impostos. Há, em curso no país, várias ações articuladas para tentar conter o avanço da Operação Lava Jato.
Ainda no Senado, outro movimento nesta direção foi o adiamento da votação da Reforma da Previdência na CCJ. Era para ter ocorrido terça, mas no horário previsto para a apreciação, o presidente da Câmara Alta, Davi Alcolumbre (E), liderou comitiva de senadores em audiência com o presidente do STF, Dias Toffoli.
Com a bola
Agora resta saber como o Supremo vai se comportar em relação a tudo isso. Vários procuradores e magistrados devem demandar contra o projeto, que engessa vários aspectos dos poderes de investigação das forças-tarefas. Vencerá a ala a favor ou o grupo contra a Lava Jato?