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Conhecimento e sucessão no campo

O campo vive uma nova realidade. A ciência e tecnologia estão presentes em todas as atividades agrícolas, pecuárias, extrativistas, da fruticultura, da olericultura etc. Todas as atividades do agro foram tecnificadas – e essa foi a condição que o mercado impôs para a busca da eficiência, fulcrada na elevação sustentável da produção e da produtividade.

Alcançar esse estágio foi uma conquista obtida a muitas mãos. Os centros de pesquisa da agricultura tropical brasileira – com acentuado mérito para Embrapa – estão entre os protagonistas desse círculo virtuoso. Mas é preciso acrescentar o papel das cooperativas e suas agroindústrias como difusoras e incorporadoras das novas tecnologias no campo com o inegável apoio do Sistema S, notadamente o Sescoop (aprendizagem do cooperativismo), do Senar (aprendizagem rural) e do Sebrae (micro e pequenas empresas).

Centenas de programas de alto nível foram desenvolvidos diretamente nos estabelecimentos rurais nos últimos 30 anos, com milhares de ações de qualificação e requalificação de produtores e trabalhadores rurais com o apoio e patrocínio das cooperativas, das agroindústrias e do Sistema S. Exemplos marcantes são os programas De Olho na Qualidade, Qualidade Total Rural, Times de Excelência, Suíno Ideal, Franco Ideal e Bem-estar Animal, entre outros que, ao longo do tempo, evoluíram para o Encadeamento Produtivo e estão todos abrigados no guarda-chuva do Programa Propriedade Rural Sustentável Aurora. Ou seja, muito antes de seu surgimento conceitual, a agenda ESG era prática cotidiana dos atores que fazem do agro brasileiro um notável setor de vanguarda. Nesse particular, inclusive, é importante observar que os princípios basilares do cooperativismo universal, desde seu surgimento, continha com outra roupagem o DNA da filosofia ESG

         É notório que a crescente incorporação de ciência e tecnologia conferiu ganhos de escala às propriedades rurais que passaram a ser geridas como verdadeiras empresas, comprometidas com a busca de resultados, em um regime de sustentabilidade e de proteção aos recursos naturais – condição sine que nom para a perenidade do negócio.

A conquista desse status trouxe um benfazejo efeito paralelo o qual, em verdade, representa o principal ganho de todos esses esforços: trata-se da presença dos jovens no ambiente rural. Os jovens estão voltando porque o campo vive um novo tempo. Permanecem as ameaças típicas do meio – fenômenos climáticos, doenças, pragas, crises de mercado, escassez de crédito etc. – mas o setor primário da economia modernizou-se e criou novas perspectivas de futuro para as famílias rurais, com evidente elevação da qualidade de vida.

A presença do jovem assegura sucessão nas propriedades rurais, equacionando uma questão que preocupava os formuladores de políticas públicas para o agro. O envelhecimento da população rural e a fuga dos jovens era um processo socioeconômico e demográfico visto, até recentemente, como uma questão dramática para o futuro do agronegócio verde-amarelo. Essa constatação reforça a convicção de que o caminho é persistir nos programas que levam conhecimento produzem efeitos sociais, ambientais e econômicos para o rico e multifacetado universo rural.

Neivor Canton, presidente da Aurora Coop e vice-presidente para assuntos do agronegócio da Federação das Indústrias de SC (Fiesc).

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