Os cônsules da Argentina e do Uruguai em Florianópolis participaram da reunião extraordinária da Comissão de Relacionamento Institucional, das Relações Internacionais e do Mercosul da Assembleia Legislativa, na tarde desta quarta-feira (6). Eles expuseram aos membros da comissão as dificuldades enfrentadas pelos turistas dos dois países em território catarinense.
Conforme o cônsul da Argentina, Federico Eugenio Costa, o principal problema dos turistas argentinos está relacionado com a insegurança, em especial ao furto e arrombamento de veículos. Segundo ele, na temporada passada, foram 29 ocorrências denunciadas pelos turistas ao consulado. Na alta temporada, Santa Catarina chega a receber 1 milhão de argentinos.
Costa pediu melhorias na comunicação do consulado com as forças de segurança do estado e sugeriu a criação de um canal direto, como um grupo de whatsapp, para tratar das ocorrências envolvendo os visitantes argentinos.
Outro pedido do cônsul está relacionado ao acesso às informações de turistas que eventualmente venham a ser internados em hospitais catarinenses. “Quando vamos pedir informação para a família que está lá na Argentina, não conseguimos, por causa do sigilo”, disse Costa.
A cônsul do Uruguai, Tamara Guridi Fernández, também apontou a segurança como principal desafio para os turistas uruguaios. “Não temos tantas ocorrências, até porque o número de visitantes é menor em comparação com a Argentina. No verão passado, tivemos conhecimento de três casos de arrombamento de veículo com furto de pertencentes”, disse.
Tamara afirmou que os turistas têm dificuldade no preenchimento do boletim de ocorrência (BO) on-line, em virtude de informações exigidas. O acesso a informações sobre turistas hospitalizados também foi apontado pela cônsul como um problema.
O presidente da comissão, deputado Carlos Humberto (PL), afirmou que o colegiado encaminhará ofício à Secretaria de Estado da Segura Pública para solicitar o aprimoramento da comunicação entre as polícias e os consulados. O deputado Mário Motta (PSD) sugeriu a disponibilização do BO on-line em espanhol.
Porto seco
A inauguração de um novo porto seco em Dionísio Cerqueira, na fronteira com a Argentina, também foi tratada na reunião desta quarta. O cônsul adjunto da Argentina, Lisandro Carlos Parra, afirmou que o empreendimento deve aumentar o movimento diário de caminhões no local de 200 para 700.
Ele alertou que, tanto do lado da Argentina quanto do Brasil, não houve reforço nas equipes da Polícia Federal, das vigilâncias e de migração. “Já enviamos ao governo argentino o pedido de reforço de pessoal”, disse. “Tememos que isso gere um prejuízo para o comércio dos dois países.”
Fernando de Paula, presidente da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR), também demonstrou preocupação com o aumento do movimento na fronteira sem o reforço nas equipes. “Ainda não está um terminal alfandegado”, disse. “Não podemos correr o risco de interrupção no abastecimento, principalmente durante o verão, que seria muito danoso.”
Também participaram da reunião desta quarta os deputados Neodi Saretta (PT) e Matheus Cadorin (Novo), além do secretário executivo de Estado de Articulação Internacional, Juliano Froehner.