O bom desempenho das cooperativas de crédito durante os últimos anos vem refletindo em um crescimento acelerado do setor neste pós-crise. De acordo com um estudo recente realizado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, a taxa de sucesso na concessão de crédito para micro e pequenas empresas durante pandemia foi de mais de 31% em cooperativas, contra apenas 12% em bancos privados e 9% em bancos públicos.
“Com a contração do poder de compra, o saldo da carteira de crédito total em 2022 deve apresentar um crescimento de 8,3%, superando as previsões de fevereiro que projetavam uma expansão de 7,6%”, aponta Mauri Alex de Barros Pimentel, professor dos cursos corporativos do Isae Escola de Negócios. Para ele, tal crescimento deve ser puxado, principalmente, pela carteira de recursos livres, podendo chegar a uma alta de até 10,8% no ano.
Mas esse acréscimo não é de hoje. No período de 2016 a 2020, a carteira de crédito das cooperativas saiu de 2,7% para 5,1%, superando a casa dos R$ 228 bilhões. “Os números mostram que a crise não foi a responsável pelo crescimento do marketshare das cooperativas, mas sim por evidenciar as vantagens do cooperativismo financeiro para uma parcela maior da sociedade”, conta.
Além disso, segundo o especialista, o aumento de escopo de informações compartilhadas, proposto pelo Open Banking já para maio de 2022, que além de informações sobre produtos e serviços financeiros tradicionais inclui também dados transacionais sobre câmbio, serviços de credenciamento, investimento, seguros e previdência ofertados pelas instituições financeiras, “tende a promover um substancial aumento da transparência sobre as ofertas do mercado, tornando mais visíveis os diferenciais competitivos do cooperativismo de crédito”.
Isso acontece porque as cooperativas de crédito estão no centro da estratégia de educação, inclusão financeira e descentralização do Sistema Financeiro Nacional, conforme exposto na Agenda BC# do Banco Central do Brasil, onde estas organizações foram desafiadas a representar mais de 22% do setor financeiro nacional ainda este ano. “A própria autarquia reguladora já reconhece as cooperativas como opção mais adequada para o financiamento da atividade econômica de pequenos negócios, principais atores na geração de empregos no Brasil, em virtude das taxas de juros mais baixas que têm como principal consequência positiva a redução do spread bancário”, diz o docente do Isae.
Contudo, isso não significa que todas as cooperativas de créditos devem surfar na boa maré. “Para estarem aptas a aproveitar as oportunidades que se apresentam, as cooperativas devem estar tecnologicamente preparadas”, evidencia. “Concentrar-se numa experiência positiva do cooperado, alicerçada nos pilares da conveniência, intuitividade e customização mostram-se cada vez mais atraentes diante das necessidades de consumo atuais e frente a concorrência de players digitais cada vez mais numerosos e diversificados no mercado”, complementa Mauri Alex de Barros Pimentel.