Blog do Prisco
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Cooperativismo e sustentabilidade

Sou cooperativista e há mais de 30 anos trabalho em empresas de natureza e de alma cooperativista. Cooperativismo é uma doutrina, é um modelo de organização social, é um caminho para a superação absolutamente harmonizado com a defesa ambiental e a busca permanente pela sustentabilidade. Um de nossos mais caros princípios universais focaliza essa preocupação.

“Interesse pela comunidade” é o sétimo princípio do cooperativismo internacional. Estabelecido no solo onde nasceu esse movimento mundial – Manchester, Inglaterra – durante o Congresso que festejou o centenário da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em 1995, essa ideia-força transcendeu ao universo cooperativista.      As cooperativas, na consecução de seus objetivos, direta ou indiretamente trabalham para promover o desenvolvimento sustentado da comunidade local ou regional nas quais estão inseridas.

A natureza de nossos princípios e a solidariedade presente na gênese da cooperação fazem da cooperativa uma eterna protagonista de práticas sustentáveis e de ações valorizadas na construção de uma sociedade mais justa e menos desequilibrada. As cooperativas foram as primeiras organizações humanas a demonstrar ao mundo que não há incompatibilidade entre um empreendimento rentável e uma gestão para a sustentabilidade. Ao contrário, uma  empresa com práticas sustentáveis reduz seus custos operacionais por consumir menos água e energia, utilizar menos matéria-prima, gerar menos resíduos e gastar menos em controle de poluição.

Uma gestão sustentável permite ampliar a competitividade de uma empresa ao reduzir custos e, ao mesmo tempo, conquistar a preferência do público. O consumidor está cada vez mais consciente e bem informado sobre os efeitos ambientais e processos produtivos sustentáveis. Por isso, prestigia marcas associadas a atitudes positivas em relação à proteção do meio ambiente.

Ao contrário do que possa parecer, portanto, o interesse pela comunidade reflete-se no desempenho da organização ao focalizar a cadeia de negócios da empresa e englobar preocupações com todos seus públicos – acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente.

Um dos grandes cooperativistas do século passado, o saudoso fundador da Cooperativa Central Aurora Alimentos, que empresta seu nome à Fundação Aury Luiz Bodanese, que tenho a honra em presidir, já fazia gestão ambiental nos primórdios do cooperativismo porque, com sua admirável visão empresarial, ao seu modo e ao seu tempo, orientava para a necessidade de identificar e controlar impactos e riscos ambientais relevantes e estabelecer metas para o desempenho ambiental. Por isso, com muita justiça, Aury foi eleito personalidade ambiental quando comandava um dos maiores complexos agroindustriais do País.

Orgulha-nos saber que a Aurora foi uma das empresas que mais conquistou o Troféu Onda Verde. Orgulha-nos saber que o programa “A Turminha da Reciclagem”, que conscientiza sobre a importância da seleção correta e da reciclagem do lixo, continua sensibilizando milhares de crianças e contribuindo para a formação de uma geração de sólidas convicções ambientais. Tenham uma certeza: sustentabilidade não é mais uma opção. No campo e na cidade, nas granjas e nas indústrias, nos laboratórios e nos centros de distribuição, todos os agentes da cadeia produtiva da Aurora professam os princípios da cooperação e perseguem o desiderato da sustentabilidade – porque essa será a herança que deixaremos para as futuras gerações.

 

Neivor Canton – Vice-presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e presidente da Fundação Aury Luiz Bodanese

 

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