Caro leitor, é provável que o título deste artigo esteja um tanto exagerado. Na verdade, sintetiza a minha felicidade em saber que o nosso queijo artesanal serrano rompeu a fronteira brasileira e venceu um concurso internacional. O troféu é importantíssimo, mas o significado dele é ainda maior. E mais: era um produto clandestino até a metade do ano passado.
O queijo serrano venceu a categoria “Associativismo para crescer” do 2º Concurso de Buenas Prácticas en Agricultura Familiar, evento realizado em Montevidéu pela Reunião Especializada da Agricultura Familiar do Mercosul e pelo Programa Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da Organização das Nações Unidas. A inscrição no evento foi da extensionista Andrea Schlickmann, da Epagri/Lages.
Você conhece bem o sabor do nosso queijo serrano, mas o que representa o evento de agricultura familiar no Uruguai? Nele havia representantes dos países do Mercosul, e significa que produtores lá do interior do Uruguai, Argentina, Paraguai, Venezuela, e até mesmo do Brasil, ficaram sabendo o que estamos fazendo aqui, a forma como isso ocorre, o impacto na comunidade, e este modo poderá ser reproduzido nesses países. O prêmio acaba sendo um dínamo para que a boa prática serrana seja adotada pelos produtores do Mercosul.
E tem mais: o reconhecimento no Uruguai significa que o queijo serrano é capaz de transformar realidades socioeconômicas, gerando maior renda a famílias rurais. E isso não é ufanismo meu. Soa como música ouvir produtores relatarem que a venda do queijo já ocupa uma parcela importante em seus rendimentos.
Quem gosta do campo não deixa o meio rural por opção, mas é expulso pela falta de condições de sustentar a família. Tirar o queijo artesanal da clandestinidade foi uma forma concreta para melhorar a renda e manter famílias no campo.
Embora a lei que regulamenta a produção e a venda do queijo esteja em meu nome, o trabalho para tirar o produto da margem da lei foi realizado a várias mãos, especialmente de queijeiros e de profissionais da Epagri. O processo de adaptação às normas não ocorre do dia para a noite, pois há todo um cuidado sanitário para garantir a segurança alimentar.
Agora, parlamentares de outros estados brasileiros mantêm contato com o nosso gabinete, na Assembleia Legislativa, para pedir informações sobre a lei do queijo artesanal serrano. Pelo que ouvimos de produtores e pela repercussão que está ocorrendo tenho a certeza de que o queijo artesanal serrano vai ajudar a mudar a realidade de pessoas que vivem no campo.
Gabriel Ribeiro, Deputado estadual e advogado