Coluna do dia

De olho em 23

Governador eleito, Jorginho Mello, será diplomado na próxima segunda-feira, 19, prazo fatal da Justiça Eleitoral.
Junto com ele também serão diplomados a vice-governadora eleita, Marilisa Boehm, o senador Jorge Seif, seus dois suplentes e mais 16 deputados federais e 40 estaduais. Assim, se encerrará o processo eleitoral catarinense de 2022.
Só que antes mesmo de antecipar outros nomes para a composição do colegiado, Jorginho começou a negociar a composição da mesa diretora da Alesc a ser eleita no comecinho de fevereiro.
Até agora foram 11 integrantes do Colegiado anunciados pelo liberal. Lá no início de dezembro. Depois disso, nenhuma outra novidade em termos de nomes. Imaginava-se inclusive que seria algo casado – a definição de alguns titulares do Secretariado com os encaminhamentos no Legislativo Estadual.
Ao que tudo indica isso não aconteceu. O MDB, que terá a segunda maior bancada na próxima legislatura, não foi procurado e não houve qualquer conversa no sentido de participação da sigla no primeiro escalão do governo que vai assumir.

Derrapada

Na terça-feira, Jorginho Mello foi ao encontro da bancada do PL, composta por 11 parlamentares, e pediu que o partido abrisse mão de lançar nome à presidência da Assembleia. Tudo certo. O governador eleito, contudo, recomendou que o partido fechasse questão em torno do nome do deputado José Milton Scheffer, o Zé Milton, do PP. O partido elegeu três deputados.

Cara de paisagem

Nesta toada, o nome emedebista acabou sendo ignorado. O candidato do MDB é o ex-presidente Mauro de Nadal. O detalhe é que essa articulação só conta com o apoio dos 11 deputados do PL e dos três do PP.

Avaliando

O presidente estadual do Podemos, Camilo Martins, ainda não se definiu abertamente para a disputa na Alesc. Mesmo assim, Mauro de Nadal conta, hoje, com pelo menos 25 votos.

No ar

Não deu pra entender esse encaminhamento partindo do governador eleito. Ele cumpriu quatro mandatos na Alesc, Casa que presidiu, além de mais dois mandatos de federal e o Senado nos últimos quatro anos. É muito experiente e tem habilidade política.

Do jogo

Nas entrelinhas, pode-se deduzir que Jorginho não quer ficar refém do MDB, partido que comandou Santa Catarina nos dois mandatos de Luiz Henrique; teve ascendência sobre o período de Raimundo Colombo e permaneceu com Moisés da Silva até o final das eleições, projeto malogrado, aliás, sob o aspecto majoritário.

Projeto restrito

O eleito não queria ficar com o MDB. Ok, faz parte, mas então teria que ter articulado com outras bancadas. Senão já começa com uma articulação quadrada. A menos que Jorginho procure Mauro de Nadal para uma composição. Seria um paliativo, mas bem menos desgastante do que correr o risco de perder a disputa interna na Alesc e iniciar o governo com o Legislativo atravessado politicamente.

Memória

Vale lembrar que, há 48 anos, Antônio Carlos Konder Reis tentou impor o nome de Sebastião Neto Campos para o comando do Legislativo Estadual e acabou surpreendido por Epitácio Bittencourt. A Arena tinha 22 votos e o MDB, 18. Era época do bipartidarismo sob o regime militar.

Composição

O próprio Epitácio era filiado à Arena, mas fechou com os 18 do MDB. Contando o seu próprio voto, mais os sufrágios do MDB e também o voto de Martinho Ghizzo (que à época ainda militava nas fileiras da Arena), o primeiro escrutínio daquela disputa ficou empatado em 20 a 20 .

Desempate

Na segunda votação, caso o placar permanecesse, Neto Campos seria eleito presidente pois era mais velho do que Epitácio Bittencourt. Mas um dos deputados da Arena votou em branco na segunda rodada, garantindo a vitória de Bittencourt. Konder Reis sentiu o gosto amargo daquela derrota. Estaria Jorginho Mello querendo provar do mesmo sabor já na largada de seu governo? A conferir.

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