Coluna do dia

De vento em popa

O consórcio Planalto – Supremo nunca esteve com tamanha sintonia. A sintonia é fina, finíssima, sem dúvida nenhuma.
Quando se imaginou que a Vaza Toga poderia fragilizar Alexandre de Moraes, que ele poderia ser lançado às feras por seus colegas do STF e, talvez, pelo próprio governo, ocorreu exatamente o contrário.
A avaliação preliminar estava absolutamente equivocada, na medida em que o Planalto deflagrou uma grande articulação com o Congresso Nacional. Tanto com o Senado, até porque a Casa é presidida por Rodrigo Pacheco, que está muito próximo de Lula da Silva; passando pelas supremas togas do STF, mas, especialmente, em relação à Câmara dos Deputados.
Faz todo o sentido. No Senado, tudo vem sendo aprovado com tranquilidade, sem sobressalto, diferentemente dos deputados federais. Arthur Lira vinha, em determinados momentos, quando não era atendido pelo governo federal, aprontando das suas e conseguiu imprimir algumas derrotas ao presidente Lula.
Mas, pelo visto, no embalo da sua própria sucessão, lá em 1 de fevereiro de 2025, acertaram os ponteiros.

Guinada

Arthur Lira largou de mão a candidatura preferencial do seu velho amigo Elmar Nascimento, líder do União Brasil, e fechou com um nome que foi resultado de uma articulação do Planalto e que se vê agora com a aquiescência do próprio presidente da Câmara. Hoje, o centrão de Lira e à esquerda do Planalto fecharam com o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta.

Por fora

Elmar Nascimento teve que buscar um entendimento com outro candidato, baiano como ele, mas líder do PSD, Antônio Brito. Tanto é que os presidentes Antônio Rueda (UB) e Gilberto Kassab (PSD) também entraram no circuito.

Rolo compressor

Só que será muito difícil essa articulação de União e de PSD derrotar a força da máquina do Planalto, do governo federal, e a própria máquina da Câmara dos Deputados, tendo à frente Arthur Lira.

Camaradas

Arthur Lira e Lula se acertaram. Optaram por estar juntos na sucessão da Câmara ao invés de um tentar derrotar o outro.

Jabutis

Só que nesse jogo entram outras pautas. Na madrugada de quinta-feira, vimos projetos, digamos, no mínimo duvidosos, questionáveis, sendo aprovados no apagar das luzes. Na verdade, nem foram apagadas as luzes da noite de quarta, pois já era madrugada de quinta.

Musculatura

Isso tudo representa o fortalecimento do consórcio. E com a entrada de Lira nesse contexto, também vai contribuir para esvaziar o que a oposição pretendia, que era a leitura do pedido de impeachment de Alexandre no plenário do Senado. O momento encoraja Rodrigo Pacheco a continuar solenemente sentado em cima do processo.

Tudo junto

Pacheco e Lira também andavam às turras, assim como Lira e Lula. Agora, na medida em que estão todos juntos, isso também interessa ao Supremo Tribunal Federal e a Alexandre de Moraes, especialmente no momento em que o requerimento solicitando que o pedido de impeachment fosse colocado à discussão em plenário, obteve 36 assinaturas. Nunca se chegou a tanto.

Raspando

Faltaram apenas cinco senadores para se obter a maioria favorável ao impeachment na Câmara Alta. Claro que conseguir mais cinco assinaturas será uma missão para lá de desafiadora. Portanto, tudo leva a crer que há um grande acerto, um conluio daqueles – típicos de Lula e sua turma – convergindo interesses inconfessáveis de Executivo, Legislativo e Judiciário.

Nada disso

No Legislativo, não todos os seus integrantes, mas os seus presidentes. E, como sabemos, as presidências da Câmara e do Senado são muito fortes. Os presidentes decidem sozinhos.
Então, efetivamente, pelo visto, foi puxado o freio de arrumação. E esse impeachment de Alexandre Moraes vai ficar só na saudade.

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