Em agosto do ano passado, o deputado estadual Felipe Estevão, uma destas figuras que foi catapultada diretamente do nada para o universo político em 2018, ingressou com projeto de lei que restringia a exploração das máquinas de captura de bichinhos de pelúcia no Estado.
O nobre parlamentar, que se apresentou outrora como pastor mas que mostra, na prática, que não aplica os preceitos cristãos, disse, na justificativa, que a perícia oficial da Polícia havia comprovado fraude no sistema operacional das máquinas, beneficiando ilicitamente os proprietários das máquinas e enganando os usuários.
Reconheça-se que foi uma boa iniciativa em defesa dos consumidores — a expectativa era que o deputado a sustentasse. Afinal, a fraude estava comprovada pelo IGP (Instituto Geral de Perícias). O lucro ilícito dos exploradores é tão expressivo, conforme apurou o Procon, que a questão foi encaminhada ao Ministério Público, para aprofundamento das investigações.
Mas, paradoxalmente, poucos dias depois do ingresso, o deputado recuou e pediu a retirada de pauta.
Foi às redes sociais com um vídeo que é uma pérola. Felipe Estevão declarou que foi a sua assessoria que elaborou a proposta, devido a denúncias de fraudes e à conclusão de laudos da Polícia. O deputado eixou claro que sequer havia lido o que estava assinando o que é tão ou mais grave do que o que vem a seguir. Para justificar seu recuo em relação a este tema – lucro ilícito a partir da boa fé das crianças e dos pais -, sua excelência apelou para o clichê da livre inciativa. Seu próprio projeto, avaliou, prejudicaria quem deseja empreender neste ramo tão “nobre”.
Assim, usando de suas prerrogativas de eleito pelo povo, Felipe Estevão pediu que a matéria fosse retirada da pauta da Assembleia Legislativa. Nas redes sociais, o ex-“pastor” enfatizou: “as máquinas dos bichinhos de pelúcia vão continuar”!
Parece que falta uma explicação: afinal, será que, em homenagem à livre iniciativa, o empresário é livre para lesar o consumidor? O deputado Felipe Estevão entende que é.