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Desafios na construção de um novo rumo para o Brasil

O momento econômico e político do Brasil, passado quase três meses do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ainda é de dúvidas e incertezas. É fato que o novo governo, liderado por Michel Temer, deu uma injeção de ânimo nos agentes econômicos – visto através da elevação dos índices de confiança tanto dos empresários, quanto dos consumidores – ao propor limitar os gastos públicos ao crescimento da inflação, por meio de emenda constitucional; e consolidar uma Reforma da Previdência, cujo déficit do Regime Geral chegará a R$ 140 bilhões no final de 2016. Essas são duas medidas essenciais para o Brasil equilibrar sua trajetória de endividamento e reativar os mecanismos que produzem crescimento econômico, como juros baixos e emprego em alta.

No entanto, as incertezas permanecem, pois o modo de agir do novo governo pouco mudou em relação ao anterior. Observa-se a substituição de ministros, sob suspeita de corrupção, além de tensões entre os poderes do Estado. Com isso, as expectativas de uma retomada econômica rápida são revistas e o país permanece em estado de recessão. Medidas que poderiam amenizar essa situação com o pacote anticorrupção e a reforma trabalhista e política, capaz de garantir que o debate político estéril calcado em disputas político-partidárias não sobreponha os projetos de desenvolvimento do País, são postergadas.

Neste contexto, a classe política não consegue absorver o principal recado que as manifestações do povo brasileiro, as quais vêm acontecendo desde 2013, indicam: a exaustão do atual modelo político. Ele já é incapaz de continuar alçando o Brasil a novos patamares de bem-estar social. Com isso, a reforma política ganha ainda mais relevância. Ela, invariavelmente, deve focar no forte combate a corrupção, prezar pela transparência, ser sempre norteada pelo marco democrático e aproximar dos centros decisórios do país os setores produtivos e que geram a riqueza no Brasil.

Por fim, com a saída dos governos petistas, após quase 13 anos, abriu-se um campo de intensa disputa política no qual, o governo Temer, por ser de transição, mais que qualquer outro, não pode hesitar e ficar preso a interesses, senão o de recuperar social e economicamente a nação brasileira. Ponto positivo a ele nesta empreitada é que o movimento rumo às reformas modernizantes parece inevitável e já absorvido pela sociedade.

A questão, portanto, gira em torno de saber sob qual medida e em qual ritmo elas serão implementadas. Aí reside o principal desafio do governo de Michel Temer: buscar construir um novo pacto social em prol do desenvolvimento nacional. Já fizemos isso várias vezes ao longo de nossa história. A mais recente em 1994 com o Plano Real, quando o governo também era de transição. Assim, o desafio é plenamente realizável, basta ter habilidade política para canalizar os anseios da sociedade por mudança.

 

Bruno Breithaupt – Presidente do Sistema Fecomércio SC

 

 

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