O desempenho das contas públicas e o cenário internacional vão condicionar o comportamento da economia em 2023, avalia o presidente da Federação das Indústrias (FIESC), Mario Cezar de Aguiar. Em coletiva à imprensa, ele salientou que o setor foi preponderante para o desempenho da economia do estado, que gerou 125 mil empregos formais até outubro. Santa Catarina também manteve a menor taxa de desemprego do país (3,8%) e registrou recorde nas exportações (US$ 11,1 bilhões) e importações (US$ 26,6 bilhões) até novembro.
“Contudo, para continuarmos crescendo, é fundamental manter o controle do gasto público. Isso é crucial para trazer estabilidade no médio e longo prazos e dar segurança para quem quer investir no Brasil”, afirma.
Em sua apresentação, Aguiar salientou que é preciso monitorar a trajetória da taxa de juros brasileira, o desempenho das economias da Europa, Estados Unidos e China e a guerra Rússia-Ucrânia. “Hoje os juros estão num patamar elevado (13,75% ao ano), o que explica boa parte da dificuldade de crescimento da atividade industrial catarinense e brasileira – em especial a produção de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, que dependem de crédito”, explica. No caso da produção industrial catarinense, a queda foi de 3,9% no acumulado do ano até setembro.
Em relação às economias dos Estados Unidos e da Europa, a inflação tem mostrado forte resistência. A taxa de juros norte-americana deverá seguir com níveis historicamente elevados. Isso traz incertezas sobre a trajetória do crescimento mundial, com impactos importantes nas economias emergentes e nos preços de commodities. Os Estados Unidos são o principal destino dos embarques catarinenses e responderam por 18,1% das exportações realizadas até novembro. A Europa é o segundo principal mercado, com uma fatia de 14,3% no período.
Em relação à China, a política de lockdowns tem reflexos importantes na economia global. No Brasil, ela impacta os preços de commodities, especialmente o minério de ferro, que tendem a cair quando há retração da atividade produtiva chinesa. Também influencia no desabastecimento de insumos e produtos, o que impacta a inflação. Por outro lado, o Brasil e Santa Catarina podem ampliar o fornecimento de bens ao exterior, tendo em vista o movimento de “desglobalização” em curso, com perspectiva de migração de fornecedores globais, até o momento fortemente concentrados na Ásia, para países mais próximos dos mercados consumidores.
Números de SC: Além do desempenho positivo no emprego, Santa Catarina também manteve, no terceiro trimestre de 2022, as menores taxas de subutilização da força de trabalho (6,8%) e de informalidade do país (25,9%). No comércio internacional, registrou aumento de 26% na exportação de produtos intensivos em tecnologia e expansão em todos os grupos econômicos mundiais. O índice de intenção de investimento na indústria segue acima da média nacional (58 pontos em SC contra 53,5 pontos da média nacional). O estado também possui a sexta maior participação no PIB nacional, que nos últimos dez anos passou de 4% para 4,6%. “Isso mostra que a indústria tem papel fundamental para a sustentação do crescimento econômico catarinense”, completou Aguiar.
foto>presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar – Filipe Scotti, divulgação