Deu Chabu
Essa é uma expressão comumente usada no Nordeste quando se quer dizer que deu ruim, deu problema, complicou. Foi com este nome, Chabu, que a Polícia Federal batizou a operação que levou vários agentes da Polícia Federal a cumprirem pelo menos 23 mandados de busca e apreensão e sete de prisão, ontem, em Florianópolis, Balneário Camboriú e talvez em outras cidades. Se houve mesmo batida em outras praças, além destas duas, a PF não confirmou até o fechamento da coluna.
De fato mesmo, a prisão do prefeito da Capital, Gean Loureiro; e do ex-secretário da Casa Civil no governo-tampão de Eduardo Pinho Moreira, Luciano Veloso Lima, que estava, até ontem, lotado na Biblioteca da Assembleia Legislativa.
No fim da tarde de terça, o TRF-4, de Porto Alegre, emitiu nota oficial. Informou que a Justiça Federal determinou o afastamento de Gean da prefeitura por 30 dias a contar do dia da prisão e outras sanções: proibição que faça contato, por qualquer forma (presencial, telefônica, telemática etc.), pessoalmente ou mediante interposta pessoa, com os demais envolvidos na presente investigação e determinação que não se afaste do estado de Santa Catarina sem prévia autorização do tribunal sediado no RS; e que entregue seu passaporte.
Gean e Veloso foram detidos temporariamente (uma modalidade de detenção que tem prazo de validade de cinco dias).
Contraponto
Em nota, a assessoria da Prefeitura de Florianópolis afirmou que o prefeito concordou em prestar todas as informações necessárias, bem como em prestar depoimento à Polícia Federal. Ele foi ainda na manhã de ontem à sede da PF, na Beira-Norte, na Capital, onde foi interrogado e segue detido.
Segundo a assessoria de Loureiro, a suposta relação entre o prefeito e os envolvidos não teria nenhuma ligação com eventuais atos. “As informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados à prefeitura”, diz o texto.
Mexe no tabuleiro
A Operação Chabu parece ter nitroglicerina suficiente para mexer na eleição da Capital em 2020. Gean Loureiro atuava forte em duas frentes: na administração da cidade, no qual estava no seu melhor momento; e no fortalecimento de seu grupo político com vistas à reeleição, projeto que agora sobe no telhado. E mais. Uma vez reeleito, Gean já era visto como potencial e forte candidato ao governo do estado em 2022.
Endereços
Ontem, os Federais bateram na prefeitura, no gabinete do prefeito, que foi fechado ainda de manhã. Gean tinha agenda pública no ato de liberação da terceira faixa da Via Expressa, sentido Continente-Ilha, mas evidentemente que não compareceu à solenidade, que foi prestigiada pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
Também cumpriram mandado na casa de Gean.
Tecnologia
Uma conhecidíssima empresa de tecnologia do estado, com sede na Capital, também recebeu a “visita” de policias federais no âmbito da Operação Chabu.
Ela seria o elo de contra inteligência para blindar inclusive salas em órgãos públicos, para torna-las à prova de grampo parte dos investigadores!
Dormindo com o inimigo
Outro elo do esquema, de acordo com a Polícia Federal, seria um integrante da própria corporação, o delegado Fernando Amaro de Moraes Caieron. Ele também foi preso.
O esquema
De acordo com as investigações, teria se formado uma rede criminosa envolvendo servidores, empresários e políticos com o objetivo de fraudar e vazar informações sigilosas e antecipar operações policiais. Além de outras práticas ilícitas, como contrabando de equipamentos de inteligência, usando a tecnologia para criar verdadeiros bunkers criminosos dentro de órgãos públicos. Eram salas blindadas contra investigações e captação de informação, a chamada contra-inteligência!
Os crimes
Há indícios apontando que podem ter ocorrido, ainda, crimes de corrupção passiva, associação criminosa, tráfico de influência, violação de sigilo funcional, tráfico de influência e corrupção ativa.