Uma semana curtíssima sob o aspecto político e parlamentar. Ou praticamente inexistente.
Tanto na Câmara quanto no Senado, as sessões em plenário, bem como as comissões técnicas, todas foram suspensas.
Isso porque o feriado do Dia do Trabalho cai no meio da semana, então houve aquela enforcada. Os deputados e senadores não vão à Brasília. Considerando-se que eles costumam voltar às bases nas quintas-feiras, é uma emendada de 10 dias.
As atividades de rotina no Congresso Nacional só serão retomadas na próxima segunda, dia 6. É assim que infelizmente funciona a atividade parlamentar no Brasil.
Noves fora essa situação, é perceptível que Jair Bolsonaro já se movimenta ativamente para buscar uma solução em 2026 para o caso de ser mantida, o que é muito provável, sua inelegibilidade.
Regime
Bolsonaro só estará elegível em 2026 se ocorrer algo de muito significativo no Brasil. Portanto, veremos ele se movimentando fortemente nas eleições municipais – em 30 dias, Bolsonaro veio duas vezes a SC e já tem nova agenda marcada para Joinville – e assim será no país todo.
Território
O ex-presidente quer marcar um resultado retumbante em favor do PL nas eleições de outubro, dando uma demonstração que o PT está batendo pino, vai ladeira abaixo.
Pule de 10
Essa vitória, que tem tudo para se consolidar, dos liberais contra os petistas, vai transformar Jair Bolsonaro no grande eleitor do país para 2026. Seja com Lula candidato à reeleição ou não. Isso se até lá a deidade vermelha estiver no exercício do mandato.
Homem do povo
O novo candidato da direita contra o consórcio vai passar pelas mãos dele, que é a única liderança que atualmente arrasta multidões.
Musculatura
Num debate do qual dois governadores participaram, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ronaldo Caiado, de Goiás, este já se apresentando como pré-candidato à sucessão do ex-presidiário, veio a indagação de quem seria a grande liderança do conservadorismo no país. Caiado não titubeou e cravou que é Jair Bolsonaro, merecendo a aquiescência de Tarcísio de Freitas.
Portento
O governador de São Paulo seria o nome natural à Presidência. Administra o mais poderoso estado brasileiro, a verdadeira locomotiva do país, que foi pinçado por Bolsonaro como candidato em 2022.
Posição
À medida que o carioca que governa São Paulo começa a titubear, não só publicamente, o que é absolutamente compreensível, mas também nas conversas reservadas, o quadro poderia sofrer alteração. Tarcísio está com o freio de mão puxado, inclusive nos movimentos de bastidores.
Poderoso chefão
E por quê? Porque Gilberto Kassab, seu chefe da Casa Civil e chefão do PSD, já trabalha o projeto de reeleição do governador paulista internamente. Ele é muito habilidoso na articulação. Kassab almeja ser vice de Tarcísio em 2026 para que ele assuma o governo com a possível renúncia do governador para disputar a presidência em 2030.
Timing
Kassab tem dito para Tarcísio que ele não deveria enfrentar Lula daqui a dois anos. Mas nem sequer sabemos se o petista será candidato à reeleição. Em 2026, o atual inquilino do Planalto terá 81 anos.
Projeto pessoal
Gilberto Kassab está pensando exclusivamente nele próprio. Isso já ocorreu em 2004, quando José Serra perdeu a presidência em 2002 para Lula e dois anos depois disputou a prefeitura de São Paulo com Kassab de vice.
Imposição
Gilberto Kassab foi Indicado por Jorge Bornhausen, que presidia o PFL. Serra não queria Kassab. JKB cravou: ou era Kassab, então um deputado desconhecido, ou não haveria coligação entre PSDB e PFL.
Ungido
Serra engoliu, elegeu-se prefeito e dois anos depois renunciou para ser candidato ao governo paulista. Kassab herdou, levou de graça, a prefeitura de São Paulo, o terceiro maior orçamento do país.
Habilidade
Em 2008, é bem verdade, ele se reelegeu disputando contra Maluf, Marta Suplicy e por aí vai. Mas a primeira ascendência foi uma herança, o que ele espera repetir na terceira década do século com vistas ao governo.
Portas fechadas
Também por isso, Jair Bolsonaro já deixou muito claro que não quer saber de conversa com Kassab. E também já disse a Tarcísio que ele se defina logo, senão o ex-presidente vai começar a trabalhar os nomes de Michelle Bolsonaro ou do próprio Ronaldo Caiado.
foto>Ag. Senado, arquivo, divulgação