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Dia Internacional da Mulher: empreender é alternativa para mulheres unirem realização profissional e vida pessoal

 

É cada dia maior o número de mulheres que buscam no empreendedorismo uma alternativa para mudarem o seu papel na sociedade. Seja para se realizarem profissionalmente, seja para terem mais tempo para a família, ou ainda por necessidade. Para qualquer uma das situações, o empreendedorismo é um caminho gratificante, mas ao mesmo tempo cheio de desafios. Para a presidente do Conselho Estadual da Mulher Empresária de Santa Catarina (Ceme), Vanilsa Silvano, empreender vai além de um simples negócio, é um compromisso diário que exige visão, coragem e busca por aprendizado contínuo.

“Não basta sonhar, é preciso planejar, agir e persistir para transformar desafios em oportunidades”, pondera a empresária que comanda o conselho que reúne mais de 3 mil mulheres empreendedoras em Santa Catarina por meio de 100 núcleos ligados às associações empresariais vinculadas à Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC).

Os números confirmam que a profissão está em plena ascensão. De acordo com o Sebrae, a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha 10,11 milhões de donas de negócios no final de 2023. Em Santa Catarina, são mais de 428 mil mulheres empreendedoras. Por sinal, o Estado tem uma participação maior do empreendedorismo feminino que a média nacional: são 35,5% de lideranças femininas diante do total de empreendedores catarinenses. Isso faz de Santa Catarina o sexto estado brasileiro com a maior proporção de mulheres à frente dos negócios. Segundo dados levantados pela Facisc, são 42 mil mulheres em cargos de liderança empresarial no estado. Na indústria, 34,4% do empresariado industrial é feminino. As mulheres também são responsáveis por grande parte dos empregos gerados no estado. São cerca de 65 mil mulheres empregadoras em Santa Catarina.

Comércio e serviços – Ainda de acordo com o Sebrae, a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha 10,11 milhões de donas de negócios no final de 2023. O comércio é a atividade individual que concentra o maior número de mulheres empreendedoras, mas é o setor de serviços, pelo conjunto de segmentos, que atrai mais empresárias. Em Santa Catarina, por exemplo, 58% delas estão nos serviços, 31% no comércio e 11% na indústria. É o caso da empresária Juliana Cabral Zytkuewisz Moutinho, que está à frente de um bar de karaokê em São José, na Grande Florianópolis. Juliana era funcionária pública e decidiu dar um passo rumo a um caminho diferente.

“Eu percebi que era inteligente e esforçada, e que sempre me sentia dona de tudo que fazia. Em cada lugar que trabalhei, me entreguei de corpo e alma para fazer aquele negócio crescer, como se fosse meu. Sonhava os sonhos dos meus chefes. Percebi que já era uma intraempreendedora; sempre levei soluções e lucratividade para meus chefes, produzindo como se fosse duas ou três colaboradoras. Vi que só precisava de um passo de coragem, e foi cercada por mulheres empreendedoras que decidi me tornar uma também”, detalha.

Sistema FACISC – Juliana se tornou empresária e pondera que a participação no Núcleo da Mulher Empresária da AEMFLO e CDL de São José foi importante para o seu desenvolvimento como empreendedora.

“Eu comecei no núcleo há aproximadamente três anos. Recebi o convite de uma nucleada que me trouxe um brilho nos olhos quando falou do núcleo”. Hoje Juliana é coordenadora de um grupo de 110 empresárias. “O núcleo para mim hoje, além de me desenvolver como empresária, desenvolve habilidades de gestão, de comunicação, liderança, gera benefícios para a minha empresa com conexões e também benefícios como pessoa. Porque além de eu me desenvolver como mulher, de estar em companhia de outras mulheres e de aprender com elas e caminhar com elas, eu também construí amizades”.

Juliana explica que o seu posicionamento mudou desde que entrou no núcleo e que hoje é muito diferente de como chegou. Tanto que a empresa que ela comanda recebeu em 2024 o Prêmio AEMFLO de Inovação.

Desafios das mulheres empreendedoras

Os desafios centrais que impedem as mulheres empresárias de alcançarem seu pleno potencial foram descritos na publicação sobre o empreendedorismo feminino no Brasil, fruto de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este estudo ganhou ainda mais relevância com a criação do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), concebido para proporcionar um espaço dedicado a pensar e implementar políticas públicas para pequenos empreendedores, com especial atenção às mulheres, que enfrentam desafios significativos, como a tripla jornada de trabalho e o difícil acesso ao crédito.

Questões de acesso a recursos financeiros, equilíbrio entre vida familiar e profissional, acesso a modelos, mentorias e de redes de negócios, acesso à informação e tecnologias, além de normas culturais também foram elencados em uma pesquisa periódica elaborada pela Unidade de Estratégia e Transformação do Sebrae Nacional. Somam-se a esses as desigualdades regionais, desigualdades raciais e os desafios de ampliar a formalização das empresas.

Para Vanilsa Silvano, presidente do CEME, esses desafios consideráveis impedem o crescimento e o desenvolvimento de negócios liderados por mulheres, exigindo políticas públicas eficazes e direcionadas para superá-los.

“Um exemplo disso é em relação à renda. Quando falamos em igualdade de gênero, percebemos que o rendimento mensal das mulheres que trabalham por “conta própria” ou empreendem é 21% inferior quando comparado ao dos homens”.

Gênero e remuneração – Ao analisar os dados da diferença de remuneração incluindo e excluindo os empreendedores de ambos os sexos, o resultado sugere que a diferença de remuneração entre homens e mulheres é maior ao incluir o empreendedorismo. “O fortalecimento dos negócios femininos pode ter efeito positivo na redução dessa diferença entre os gêneros”, detalha Vanilsa.

Para a empresária Juliana, a dificuldade para empreender no Brasil é para todos. Segundo ela hoje o mercado é amplo e ele tem oportunidade para todos. “Talvez o preconceito ainda exista, mas hoje nós temos um lugar muito forte no mercado de trabalho, nos negócios. Eu imagino que as dores são muito parecidas entre as empresárias, a mão-de-obra, o se destacar, o trazer inovação, fazer o negócio permanecer estável e trazer crescimento por negócio. Esses são os maiores desafios”.

Outro ponto destacado por Juliana é ter que lidar com as multitarefas. “Porque a mulher não tem só o trabalho de empreender. Ela tem a sua casa, seus filhos, seu marido, suas amigas, sua saúde. Lidar com todas as facetas da vida é o maior desafio que a gente tem como mulher”. A solução está no planejamento. “Eu planejo cuidadosamente minha agenda, priorizando minha vida espiritual como base para todas as outras áreas. Equilíbrio trabalho, família e outras áreas, garantindo que todas recebam atenção. É essencial cuidar de todas as áreas da vida para ter uma vida equilibrada e feliz”.

Na foto: Juliana deixou a estabilidade do serviço público para se tornar empresária

Créditos: Arquivo pessoal