Enquanto o MDB faz exercício para manter o bom convívio entre lideranças de posições ideológicas distintas, casos de Antídio Lunelli e Carlos Chiodini, dois jaraguaenses que vão estar no palanque de reeleição do prefeito Jair Franzner – que assumiu com a renúncia de Antídio para candidatar-se a deputado estadual -; o PSD começa a enveredar pelo mesmo rumo.
A chegada de Clésio Salvaro às hostes pessedistas é um dilema. O prefeito de Criciúma é um crítico contumaz, e ácido, do PT e das esquerdas.
Está, contudo, trocando o PSDB pelo PSD, sigla que ocupa três ministérios no governo Lula da Silva.
O dono do PSD, ou melhor, o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, abençoou a ocupação dos três ministérios por lideranças de seu partido.
Braço direito
Ao mesmo tempo tornou-se o homem forte do governador paulista Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Jair Bolsonaro. Kassab esteve em Florianópolis nesta segunda-feira para abonar a ficha de Salvaro.
Duas canoas
Em São Paulo, o partido está com a direita. No plano nacional, com a esquerda.
Mas em Santa Catarina, a legenda quer distância de Jorginho Mello, eleito no movimento conservador.
Fatura
Ao fim e ao cabo, emedebistas e pessedistas precisam decidir o que querem. Se continuarem querendo tudo, uma hora a fatura chegará.
Década
O ex-deputado federal Carlito Merss deixou a prefeitura de Joinville ao final de seu primeiro e único mandato. Foi em 2012. A eleição vitoriosa do petista foi a de 2008.
Antes disso, o PT já havia administrado cidades-polo como Chapecó (José Fritsch 1997-2004), Blumenau (Décio Lima 1997-2004) e Criciúma (Décio Góes 2001-2004).
Nem pensar
Das seis principais cidades catarinenses, o PT só não chegou lá em Florianópolis e Lages.
Sem volta
Ocorre que depois da despedida de Carlito do paço joinvilense, o Partido dos Trabalhadores jamais voltou a pilotar qualquer grande cidade estadual. Nem mesmo aquelas medianas que ficam entre as 15 principais.
Rastro
O partido também nunca mais voltou ao poder por onde passou. Em Joinville o desgaste foi tão expressivo em único mandato que Carlito deu com os burros n’água. Sequer chegou ao segundo turno.
Desgaste
O turno decisivo em Joinville naquela eleição foi disputado por Udo Döhler (que elegeu-se prefeito) e Kennedy Nunes. Em Criciúma, a situação foi ainda mais crítica. Décio Góes nem se candidatou à reeleição.
Neutralização
O prefeito de Chapecó, João Rodrigues, gravou um vídeo reforçando a lealdade a Jair Bolsonaro.
O oestino mostrou um pix de R$ 1 mil que enviou para que o ex-presidente possa pagar advogados e se defender da perseguição a cargo da Organização.
Futuro
O prefeito garantiu que o movimento não tem relação com o futuro e sim com gratidão pelo passado.
O gesto pode até ter um componente de gratidão. João Rodrigues passou por momentos bem difíceis.
Mas obviamente que o vídeo e o auxílio financeiro guardam total relação com o pleito do ano que vem. O prefeito é candidatíssimo à reeleição. Pelo PSD, partido que está no governo Lula.
O PL, de Bolsonaro e do governador de SC, terá candidato, ou candidata, na maior cidade do Oeste. Cenário que pode acabar dividindo os votos da centro-direita e favorecer o PT, que tem dois nomes fortes na cidade: Pedro Uczai e Luciane Carminatti.
De fora
A esperança de João Rodrigues é a de que pelo menos Jair Bolsonaro não se envolva diretamente no pleito, pedindo em favor da candidatura do PL. Para ele, o fundamental é que Bolsonaro não suba no palanque liberal.