Depois de conquistar mais de 50 milhões de votos em 2014, uma marca invejável, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, entrou em uma curva descendente, cercado de denúncias e suspeições. Nos bastidores, conforme registrado em diversas oportunidades neste espaço, todas as projeções apontavam para um desgaste brutal, impedindo que o neto de Tancredo chegasse inteiro em 2018.
Neste fim de semana, o cardeal do tucanato estampou a capa da Revista Veja, recheada pela denúncia de Benedicto Junior, um dos grandes delatores da Odebrecht. A propina milionária seria a retribuição da empreiteira por obras da Cidade Administrativa (sede do governo), erguida na gestão do tucano, e também de uma usina hidrelétrica. Aécio entrou definitivamente na berlinda e dificilmente reunirá condições para disputar novamente a presidência. Por falar em presidência, a pauta segue carregada. Nesta terça-feira, o TSE deve iniciar a apreciação do primeiro julgamento de uma chapa presidencial (Dilma-Temer) da história deste país.
O autor da ação é o PSDB de Aécio Neves, hoje um dos sustentáculos do governo-tampão de Michel Temer. Em suma, os tucanos acusam a dupla reeleita em 2014 de abuso do poder político e econômico por ter se beneficiado do esquema de corrupção que pilhou sem dó a Petrobrás. Propina graúda que teria dado condições muito vantajosas, a partir de ações criminosas, à dupla sobre seus rivais naquela disputa eleitoral.
Quarteto
Até então, o que se descobriu sobre a roubalheira sem fim na máquina federal era o comando de PT, PMDB e PP. O PSDB vai se unindo fortemente ao grupo. Parece que nunca foi tão atual aquele samba de Bezerra da Silva “se gritar pega ladrão…”
Vazamentos seletivos
Passou da hora de se estabelecer como lei, como regra, o sigilo absoluto ou a publicidade total das delações e demais processos que envolvem corrupção, empresários e altas figuras da política. O que não dá mais é para conviver com esse absurdo vazamento seletivo ao gosto do freguês. Ou do patrão, beneficiando uns e prejudicando outros pontualmente. A própria mídia acaba sendo usada por procuradores, juízes, empresários e advogados de acordo com o interesse pessoal de cada um. Ridículo.
Aberração
Caso os ministros do TSE cassem a chapa Dilma-Temer, ela perde os direitos políticos, bisonhamente preservados pelo Senado, e ele deixará a presidência. Mas, se também mantiver os direitos políticos, poderá concorrer à presidência na eleição indireta. Isso mesmo. A degola de Temer levaria o Congresso, no prazo de 30 dias, a eleger novo presidente. Que pode ser o próprio Temer!
Enrolação
A questão econômica e a parca, mas conquistada, estabilidade política sob Temer podem salvar o presidente da degola. Tudo indica que o processo pode se arrastar até 2018!