Pablo Marçal. Surgiu um verdadeiro tsunami da política brasileira. Não se fala de outra coisa hoje no país, em qualquer parte.
Claro que, especialmente nos principais conglomerados urbanos, virou assunto desde que a corrida sucessória pela prefeitura de São Paulo começou. Talvez a figura dele não esteja merecendo maior destaque apenas nas pequenas cidades do interior, no Norte e Nordeste. Mas onde as notícias políticas ganham um pouco mais de relevância ou dimensão, seguramente os movimentos estão se fazendo presentes. Ele e sua metralhadora giratória estão na ordem do dia.
Pablo Marçal lembra, de um lado, pelas convicções ideológicas à direita, Jair Bolsonaro, um fenômeno eleitoral assim como começa a se transformar Marçal.
Mas também no seu jeitão, jovem, impetuoso, faz lembrar Fernando Collor de Mello quando surgiu como caçador de Marajás. Ele era governador de Alagoas. Se elegeu presidente da República no restabelecimento das eleições em 1989.
Seria Marçal, nuvem passageira ou uma elevação do nível das águas a partir do surgimento do tsunami. O articulista aposta que ele veio pra ficar na eleição de São Paulo. Não tem mais possibilidade de reversão no contexto eleitoral, a não ser que cassem sua candidatura.
Maremoto
A onda chegou. Pablo Marçal contagiou não apenas parte considerável do eleitorado paulistano, mas de todo o Brasil. Ele surge também com outra característica em relação à Bolsonaro.
Na mira
Veste o figurino de um candidato e de um líder político antissistema. E só o sistema pode impedi-lo de chegar à prefeitura da maior capital do hemisfério Sul, inviabilizando sua candidatura.
Sempre eles
Carmen Lúcia, ministra do STF, com aquele seu jeitinho sutil, suave, defensora do processo democrático, resolveu tirar uma ação que estava engavetada no TSE, Tribunal Superior Eleitoral. A peça dormitava já há alguns anos, envolvendo o partido onde hoje está afiliado Marçal, que pode culminar com a anulação de todos os atos dos últimos tempos da legenda, no caso, o PRTB.
Passaporte
Se a turma que defende a democracia sem nunca ter recebido um único voto e lançando mão de decisões monocráticas, não conseguir impugnar, derrubar a candidatura de Marçal, parece inapelável a sua chegada ao segundo turno.
É pouco provável que ele liquide a fatura no primeiro round. É a nova onda. Agora é conferir com qual altura e força ela arrebentará na praia do dia 6 de outubro.
Forte
É só lembrar de Bolsonaro em 2018 no plano nacional e em Santa Catarina de maneira absolutamente surpreendente. E como fica Bolsonaro? O PL? A família do ex-presidente fechou com o atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB.
Atravessado
Mas a coisa está meio enviesada. Nunes não traz o bolsonarismo para dentro da sua campanha. Vai além. Até mantém uma distância regulamentar em relação ao próprio Jair Bolsonaro.
Espectro
Só que está surgindo uma nova liderança de direita com repercussão nacional. Isso é bom para a direita, claro, a reforça ainda mais, trazendo ao cenário mais uma alternativa.
Mas, a família Bolsonaro pode enxergar esse movimento como uma ameaça.
Viva a democracia
Em 2026, Bolsonaro estará, até segunda ordem, inelegível. Quem for o ungido à direita para a disputa presidencial talvez não tenha que ouvir apenas Bolsonaro, mas também Marçal, uma vez eleito.
Incógnita
E o PL? Vai daqui a pouco ficar nessa canoa furada de Ricardo Nunes, que deve estar derretendo, ou está observando para ver se vai ser impugnada ou não a candidatura de Marçal? Na eventualidade dele continuar na campanha, como vai ser? Contínua com Nunes? Só que Marçal vai para o segundo turno contra o invasor juramentado de propriedades privadas. É um cenário em que Marçal tem tudo para ganhar a eleição.
Encruzilhada
E como fica o bolsonarismo? Não só na capital paulista, mas em todo o estado? Somente a cidade de São Paulo tem mais de 10 milhões de eleitores. O estado tem quase de 40 milhões de votantes. É uma onda que pode irradiar para outros estados, colocando em xeque o domínio bolsonarista no espectro ideológico de direita.