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Direitas e esquerdas: quando as linhas se sobrepõem

 

Engana-se quem pensa em termos herméticos a respeito de políticas de esquerda e de direita.

No campo da economia a direita norte-americana, por exemplo, prega o protecionismo da indústria nacional para buscar refrear a entrada de produtos produzidos na China no afã de proteger seu mercado interno.

Contudo, para tanto, faz-se necessário sobre-taxar produtos do estrangeiro naturalmente para tal política funcionar. Tal qual o fez o governo dito de esquerda no Brasil recentemente em relação aos produtos comprados em sites estrangeiros em valores que superem cinquenta dólares. Seria uma espécie de “PTrumpismo”.

É dizer, o livre mercado, defendido pelos liberais/direita “não é bem assim”, nem às direitas americanas.

No que diz respeito às políticas identitárias, vale lembrar que a abolição da escravatura nos EUA foi impulsionada pelo governo republicano de Abrahm Lincoln. Conquanto, hoje, os democratas (esquerda do Tio Sam) quem empunham a bandeira de direitos às ditas minorais lá.

As linhas divisórias ainda ficam mais emaranhadas quando lançamos vistas às políticas internacionais. O autocrático Putin prefere Trump aos democratas paralelamente ao apoio que exerce em relação aos regimes de esquerda na China e Venezuela.

Bolsonaro enquanto presidente aproximou-se de Putin, dado que o Brasil necessita dos insumos para produção agrícola que provém da mãe Rússia. Fato. Não critica.

De outro quadrante, Lula enaltecia até há dias a “democracia relativa” venezuelana. E com um comentário sobre ter se assustado a respeito das declarações de Maduro quanto a possível derramamento de sangue a depender do resultado das eleições venezuelanas que se avizinham sofreu contra-ataque do dito ditador, no que tange às urnas eletrônicas. Questão ligada às bandeiras mais à direita tupiniquim.

Ao fim e ao cabo às ideologias em um mundo líquido (como apregoa Baummann) viraram uma espécie de vitamina mista (com mamão, maçã, abacate, pimenta e outras “coisitas mais”).

Esse entrecruzamento é sobreposição de posições, linhas e fronteiras levam a política a um patamar de nível estritamente pessoal.

Como cristãos-budistas, torcedores de mais de um time, praticantes da poligamia ou do sacerdócio com sinais trocados.

Uma verdadeira confusão, cuja complexidade ruma para fortalecimento de populismo de esquerdas ou direitas ( se é que ainda existam) que se centram em relações pessoais. Esqueçam partidos. O que vale hoje é o uso e desuso de fantasias ideológicas rasgadas e remendadas, não raro com retalhos pontuais das cores do adversário. A depender do interesse, da paixão e das idiossincrasias de cada um.

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