Lamentável ver os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-geral da Presidência da República) aparecerem na TV no começo da noite do domingo para continuar negando a gravidade da crise – econômica e política (a institucional bate às portas) – que atinge o país.
Enquanto o gaúcho Rossetto insistiu no “golpismo” – como se fosse golpe uma população enganada por uma campanha mentirosa ir para as ruas pra protestar -, Cardozo apresentou o prato feito do governo para solucionar todos os problemas: pacote de medidas contra a corrupção e a reforma política, principalmente instituir a proibição de doações empresariais aos candidatos. Um prato cheio para quem é especialista em caixa 2.
Triste o papel a que se submeteram os dois petistas. O PT está no poder há 12 anos, por quê não fez a reforma política? O partido do governo é o que mais se beneficiou com a generosidade das empresas na campanha do ano passado. Será mesmo que quer acabar com esse dispositivo? O fim das contribuições privadas às campanhas está no STF e o placar é favorável à sua extinção. Mas o ministro Gilmar Mendes “pediu vistas” há mais de um ano e o processo segue engavetado. O magistrado, que já teve rusgas com Lula da Silva, ultimamente parece mais próximo ao PT.
Outro ponto lastimável da fala da dupla – tipicamente mandada para as câmeras para não dizer absolutamente nada – foi novamente insistir na divisão do país, afirmando que a população que foi às ruas é a costumeiramente crítica ao atual governo e aquela que não votou em Dilma. É um discurso leviano. A popularidade da presidente despencou recentemente, deixando claro que muitos eleitores podem ter mudado de opinião desde outubro de 2014. Enquanto o PT tenta criminalizar os adversários e o sistema político, do qual se beneficia, a população sofre com desemprego, inflação, alta dos combustíveis, da energia, riscos de apagão, infraestrutura precária e programas educacionais paralisados.
Foto: PMDF/divulgação