O presidente da Assembleia Legislativa (Alesc), deputado Silvio Dreveck, disse à diretoria da FIESC, que a entidade tem uma pauta mínima que precisa ser analisada a partir de março e destacou os projetos das Parcerias Público-Privadas (PPPs), que tramitam no parlamento. “Ainda não se chegou a um consenso, mas pretendo, na semana que vem, conversar com o governo para ver se há o desejo de manter os projetos ou alterar para o modelo de concessão, que eu defendo”, afirmou, salientando que os governos estaduais e o federal não terão dinheiro para investir nas obras estruturantes.
Dreveck citou como exemplo rodovias no Estado que precisam de investimentos. “Temos um custo que torna difícil competir por causa do sistema de infraestrutura. Então, por que não fazermos concessão?”, indagou, salientando que “ou o governo faz isso ou o Estado continuará a perder competitividade, emprego e renda”.
Cenários político e econômico: o especialista em relações governamentais, Luís Henrique Macedo Cidade, destacou que há segmentos que sinalizam a retomada em setores como o petróleo, puxado por investimentos; o automobilístico, com aumento das vendas, e o agronegócio, com crescimento da produção. Contudo, ressaltou que a expectativa de crescimento do PIB ainda é baixa (em torno de 0,5%) e o desemprego seguirá alto (atualmente é de 12%). Segundo ele, a injeção de até R$ 40 bilhões das contas inativas do FGTS será apenas um “soluço” no consumo. “Consumo não será a mola de crescimento neste momento, mas sim o investimento externo”, advertiu.
Na opinião de Luís Henrique, “apesar dos problemas pontuais no governo, o Planalto tem mostrado habilidade na resolução de conflitos entre os partidos da base”. Ele lembrou que a pauta prioritária do Congresso Nacional inclui as reformas da previdência, trabalhista e tributária. No caso da previdência, ele acredita que a aprovação seja no segundo semestre. A trabalhista tem possibilidade de aprovação ainda no primeiro semestre. Em relação à tributária, o especialista disse que as sinalizações do governo são ainda inconclusivas, com prevalência para uma reforma mais rasa, focando na simplificação, via comissão especial da Câmara.
O sócio da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, concorda que a economia brasileira começa a dar sinais de recuperação em termos de atividade econômica. Sua análise foi feita à diretoria da FIESC, na quinta-feira, 16. Mesmo observando esses sinais de retomada, o economista salienta que o processo será lento, pois a recessão foi longa.
“Diferentemente de outras situações vividas, vamos crescer pouco no início e mais acentuadamente, depois quando todos fizerem seus ajustes”, disse.
Para Figueiredo, 70%, 80% da retomada brasileira depende exclusivamente do esforço do próprio País, ou seja, os acontecimentos externos terão poucos reflexos no País. Isso se explica, no entendimento dele, pela crise enfrentada pelos brasileiros e porque o Brasil ainda é um mercado bastante fechado. O palestrante, no entanto, defendeu a ampliação do mercado externo, ressaltando que “comércio exterior é sinônimo de crescimento”.
Ainda assim, o palestrante destacou que o mundo também vive situações críticas ou imprevisíveis, entre elas as possíveis medidas do novo governo americano, o Bretix (saída da Inglaterra da União Europeia) e a situação dos refugiados. “Acolher os refugiados é uma questão humanitária, mas essa migração se reflete nos empregos”, disse.