Já dizia a sabedoria popular que eleição na terra é tempo de guerra. Dá para encaixar o dito neste abril de 2018 em Santa Catarina. MBD e PSD (com outros nomes e variações) governam juntos desde 2003.
Tudo indica, contudo, que o desgaste de 16 anos acabou com o casamento.
Na quarta-feira, Eduardo Pinho Moreira chamou a imprensa. Sem mais delongas, foi dizendo que o Estado está quebrado, que haverá demissões, congelamento de salários e revisão de contratos. O emedebista deixou claro que a situação financeira beira o caos. E sugeriu claramente que a culpa disso tudo é do antecessor. Típico de guerra político-eleitoral, que opõe grupos que não estarão juntos na corrida eleitoral. Se o Estado quebrou, todos os envolvidos, inclusive, o MDB, tem seu quinhão de responsabilidade neste desastre. A conta, evidentemente, será paga por todos os catarinenses.
Mais do que rapidamente, interlocutores de Raimundo Colombo responderam com uma série de argumentos. A coluna pinçou alguns deles e reproduz abaixo. Beleza. Politicamente, contudo, o saldo das relações entre MDB e PSD agora está no vermelho. Muito próxima de zero está, também, a chance de nova aliança entre as siglas este ano. Agora é cada um por si e salve-se quem puder.
Mão de ferro
Aliados do ex-governador Colombo têm, na ponta da língua e a apenas um clique de seus celulares, os argumentos para rebater as insinuações do sucessor dele, Eduardo Moreira, sobre o estouro das contas estaduais. Um destes escudeiros do pessedista encaminhou a lista de ações que, segundo ele, marcaram os sete anos do governo Colombo, “que sempre agiu com mão de ferro em relação às despesas”.
Piso do magistério
A folha do governo do Estado apresentou crescimento a partir de 2011, principalmente em razão dos reajustes definidos pelo Ministério da Educação para o piso do Magistério. O percentual era estabelecido em Brasília.
Defensoria
O STF determinou que o Estado criasse a Defensoria Pública, obrigando a abertura de concurso para defensores e administrativos, o que impactou na folha. Os servidores da instituição, aliás, semana sim e outra também estão na Assembleia pressionando por reajustes nos proventos.
Segurança Pública
Os defensores de Raimundo Colombo também lembram que houve reposição dos efetivos na Segurança Pública no Estado. Foram incorporados novos 1,3 mil policiais civis e militares somente em 2017. O segmento está sem reajuste salarial desde dezembro de 2015.
Piso do magistério
Para o grupo de Raimundo Colombo, outro ponto importante que pressionou as finanças públicas foi a folha do Magistério. Desde 2011, ela cresceu 70%, sendo que o piso subiu 106%, segundo Eduardo Deschamps, ainda titular da secretaria de Educação.
Espaço
Thiago Morastoni, vereador e secretário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí deve disputar uma cadeira na Alesc pelo MDB. O ex-prefeito Jandir Bellini (PP) tem sido insistentemente estimulado por amigos e correligionários a disputar também. Mas ainda não se definiu. O fato é que, em que pese a rivalidade que já existiu entre as duas famílias, há espaço para os dois se elegerem no pleito deste ano. Um não subtrai votos do outro.
História
Vale lembrar que, em 1994, tanto Volnei Morastoni (pai de Thiago) como Bellini elegeram-se deputados estaduais. O primeiro pelo PT e o segundo pelo extinto PPB, que deu origem ao atual PP. A história pode se repetir 24 anos depois com Thiago no lugar do pai Volnei. Tudo num clima de convivência pacífica e familiar, diferentemente do que ocorria no passado.