O livro Precisamos falar sobre aborto: mitos e verdades, publicado no final de maio de 2018, pela Editora Estudos Nacionais, de Florianópolis-SC, foi lançado na quarta-feira passada, na Casa do Barão, na Capital e está sendo considerado por muitos o maior livro sobre aborto já lançado no Brasil – e possivelmente o maior do mundo – pois concentra as principais abordagens sobre o tema em suas 640 páginas, divididas, em 18 capítulos. Escrito por 13 diferentes autores, trata da questão pelo enfoque da ciência biológica, genética e médica, históricas, demográfica, econômica, social, jurídica, cultural, psicológica e psiquiátrica, além dos males para saúde física das mulheres expostas ao aborto e evidências sobre início da vida.
Para o coautor e organizador da obra, Marlon Derosa, um dos objetivos da publicação é responder ao máximo de dúvidas e argumentos que possam vir a ser apresentados no debate sobre legalização do aborto. Mas além de responder aos questionamentos usualmente apresentados por leigos, o livro analisa em profundidade os debates que vêm ocorrendo no meio científico nacional e internacional sobre o tema, sempre com linguagem acessível para todo o tipo de leitor.
Foi para dar conta desse objetivo que o organizador convidou pesquisadores e especialistas de renome, de várias áreas, do Brasil e do exterior. Entre os coautores estão quatro pesquisadores internacionais, dos Estados Unidos e do Canadá, das áreas de psicologia, psiquiatria, medicina e história, e nove outros coautores do Brasil, de áreas como jornalismo, medicina, direito, bioética, farmacologia e economia.
Em um dos capítulos, o livro analisa, por exemplo, as estimativas de estimativa de abortos clandestinos no Brasil, em crítica à metodologia usada por décadas no Brasil para estimar abortos clandestinos, mostrando porque os números estimados para a prática, hoje clandestina, podem ser outros. Algo semelhante é feito no capítulo 7, ao tratar da mortalidade materna por aborto.
Os aspectos econômicos também são abordados, em um capítulo que projeta os efeitos econômicos para o Brasil, na hipótese de se ter o aborto legalizado em um futuro próximo.
Os debates sobre o início da vida são explorados em outros dois capítulos: um deles pela abordagem médica e o outro pelo enfoque ético, filosófico e jurídico.
Na penúltima parte do livro, dedica-se um grande foco à saúde das mulheres. Seis autores, entre médicos e pesquisadores de renome, do Brasil e do exterior, analisam quais são os principais e mais graves males que o aborto pode provocar na saúde física e psicológica das mulheres.
Saindo do senso comum e sem qualquer argumentação de cunho religioso, o livro traz uma nova cara ao debate sobre a descriminalização do aborto no Brasil. Porque um debate dessa importância tem agora a mais completa obra sobre o tema. Isso faz a leitura dessa obra não apenas recomendável mas imprescindível.