A formação técnica, a qualificação profissional e a transmissão de conhecimentos são atribuições das escolas, das universidades, dos institutos, dos centros de pesquisa científica, das empresas, do sistema S etc. A formação moral e ética, entretanto, é papel fundamental da família. No passado, as escolas reforçavam essa formação familiar com a disciplina Educação Moral e Cívica – atualmente em desuso. São as religiões que mais abordam o tema, hodiernamente.
A ética, em sua definição clássica, consiste no estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana do ponto de vista do bem e do mal e, ainda, no conjunto de normas que norteiam a boa conduta do ser humano. A moral tem um caráter prático mais imediato, uma vez que faz parte da vida cotidiana da sociedade e dos indivíduos, não só por ser um conjunto de regras e normas que regem a nossa existência, dizendo-nos o que devemos ou não fazer, mas também porque está presente no nosso discurso e influencia os nossos juízos e opiniões.
Educação ética e moral são codições para a vida em sociedade, para o respeito aos direitos básicos do outro, para uma convivência humana e civilizada entre jovens, adultos, mulheres, crianças, idosos, doentes, deficientes, hipossuficientes. Enfim, onde possa reinar paz e justiça.
A omissão das famílias nesse importante quesito da formação das crianças e jovens e a leniência das escolas, entretanto, não explica esse estarrecedor quadro de má formação e puro desrespeito que jovens em geral manifestam na vida em sociedade. Aqueles que não respeitam os pais, não respeitarão nenhuma regra ou forma de autoridade – espancarão o professor, desacatarão o policial, desprezarão o juiz, oprimirão o incapaz. Essa conduta os tornam seres anti-sociais, absolutamente sem ética e sem moral.
Existem dois caminhos que se complementam para enfrentar essa questão. De um lado, as famílias devem ser auxiliadas e orientadas no processo de educação dos filhos dentro de casa. A psicologia definiu que a conduta dos pais na família e na sociedade é poderoso fator educacional, pois, são eles os primeiros modelos dos filhos. A educação formal também tem seu papel: os educandários devem contribuir com a difusão de seus valores e princípios de modo a impregnar todas as disciplinas ministradas em todo o ensino básico e fundamental.
De qualquer forma, a sociedade (família, escola, igreja, clube etc.) deve condenar formalmente os pequenos desvios de conduta do cotidiano e aplicar as punições cabíveis – dentro da lei e do direito, da razoabilidade e da pedagogia – aos jovens e adultos nos casos de delitos mais graves. Se houver lassidão na formação será necessário rigor na punição. A pior opção é a omissão e a impunidade.
Mário Lanznaster, Presidente da Cooperativa Central AURORA ALIMENTOS e vice-presidente para o agronegócio da FIESC