Ao homologar as delações da Odebrecht ainda no período de recesso do Judiciário, a presidente do STF, Cármen Lúcia, sinaliza claramente que ela é absolutamente a favor da Lava Jato e da manutenção do ritmo normal dos trâmites.
Ao manter o sigilo dos processos, ela também atuou em um viés mais político. Desta maneira, preservando as eleições para as presidências do Senado – marcada para quarta-feira – e da Câmara, que ocorrerá na quinta.
Isso porque tanto Eunício Oliveira, correligionário (PMDB-CE) e favoritíssimo para suceder Renan Calheiros na Câmara Alta; como Rodrigo Maia (DEM-RJ), que termina o mandato-tampão após a cassação de Eduardo Cunha, estão arrolados no contexto da Lava Jato. E ambos merecem irrestrito apoio do presidente Michel Temer. Evidentemente que o vazamento de detalhes dos processos que envolvem os dois poderia até mesmo inviabilizar suas candidaturas e vitórias na undécima hora. Depois de cumprido o rito democrático das eleições nas duas Casas, aí é outra história.
Mais um
Tem mais um delator graúdo no pedaço. Eike Batista chegou ao Brasil sinalizando disposição total de negociar com o Ministério Público Federal e contar o que sabe. Preparem-senhores, porque Eike detém pilhas de informações que envolvem os mais variados partidos e espectros ideológicos.
Vazamentos
Apesar do sigilo sobre as delações da Odebrecht, já se sabe que figuras como o presidente Michel Temer, vários de seus ministros; os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma; e os tucanos Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin (governador de São Paulo) foram citados. Estamos falando da “nata” de PMDB, PSDB e PT.
Fim de um ciclo
Gelson Merísio está completando uma etapa importante na sua trajetória pessoal. Nenhum outro presidente da Assembleia permaneceu cinco anos no cargo. Além da longevidade, ele deixou um legado importante, marcado por articulações políticas muito bem sucedidas. Fecha com o encaminhamento da chapa Sílvio Dreveck-Aldo Schneider para sucedê-lo. Importante frisar que um é do PP e o outro do PMDB, arquinimigos históricos em Santa Catarina.
Gestor
Gelson Merísio aprovou projetos importantes, como o aumento de 15% no piso para os gastos na Saúde; a criação do Fundo de Apoio aos Hospitais Filantrópicos e enfrentou reações internas quando instituiu o ponto eletrônico, reduziu os gastos com diárias e cortou em 50% o número de servidores efetivos, sem comprometer o funcionamento da máquina.
Cultural
A Merísio também deve ser creditada a prática, já consagrada, de devolução de recursos do Legislativo ao Executivo. Nestes cinco anos, o Parlamento devolveu R$ 306 milhões ao governo do Estado. No fim do ano passado, ele abriu mão de 17% dos recursos da Alesc para resolver o imbróglio da utilização de valores milionários pelo governo de recursos que, em tese, deveriam ser distribuído entre demais Poderes e também aos 295 municípios.
Acordo
O ainda presidente Merisio também foi protagonista do acordo, que virou lei aprovada na própria Assembleia, legalizando o repasse aos municípios e Poderes em parcelas. Resumindo: ele teve um protagonismo no contexto da política Barriga-Verde. A partir desta travessia, Gelson Merísio está se credenciando para a disputa sucessória estadual do próximo ano.
O retorno
Deixando a presidência da Alesc, Merísio vai reassumir a presidência estadual do PSD e também a Escola do Legislativo, movimento que, aliás, é praxe entre ex-presidentes. À frente do partido, Merísio terá a colaboração direta do ex-senador Geraldo Althoff, que deixou o Colegiado de Raimundo Colombo para dedicar-se de corpo e alma ao projeto partidário.