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Micro e pequenos defendem reforma

O 49º Congresso Catarinense das Micro e Pequenas Empresas e dos Empreendedores Individuais (Enconampe) teve como debate central a importância da reforma trabalhista para o segmento.  O evento reuniu mais de 250 lideranças de todas as regiões do estado, de 30 de junho a 2 de julho, no Hotel Maria do Mar, em Florianópolis. Em diversos painéis, foram apresentados cases de sucesso, ações de acesso ao mercado, exemplos de ações na área do turismo, formas de utilização das mídias sociais, além de ser reafirmada a necessidade de políticas que coloquem em prática o tratamento favorecido e diferenciado, garantido na Constituição Federal. 

 “Tenho certeza que saímos mais fortes e unidos para os grandes desafios que temos pela frente”, avaliou Alcides Andrade, presidente da Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas e Empreendedor Individual de Santa Catarina (Fampesc), empossado com a nova diretoria e conselhos da entidade na abertura do evento. Diogo Otero, ex-presidente Fampesc, previu um novo mandato que pode entrar para a história da entidade. “Espero que as mudanças realmente ocorram. Os micro e pequenos empreendedores só pedem ao Estado: deixe a gente trabalhar”, afirmou.

Micro empresários estão sufocados no sistema atual e defendem reformas trabalhista e da previdência

 “Somos mais de um milhão de empreendedores individuais e de micro e pequenas empresas no Estado. Não dá mais pra aguentar sem as reformas. A reforma trabalhista vai trazer segurança jurídica. E não podemos ter medo de falar da reforma da Previdência. Além disso, precisamos melhorar a questão do crédito”, lembrou Alcides. E apresentou uma ideia: “por que não transformar o Sebrae em uma instituição de crédito”? O presidente da Fampesc também defendeu o juro zero para o segmento, que será implantado em Florianópolis, e ações do Estado para dar apoio e crédito às empresas vítimas de catástrofes naturais.

 REFORMA TRABALHISTA

 No sábado, a palestra “O que muda para as micro e pequenas empresas com a Reforma Trabalhista”, trouxe o juiz do trabalho Marlos Melek, auxiliar da presidência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), membro da Comissão de Redação Final da Reforma Trabalhista na Câmara Federal e autor do livro “Trabalhista! E agora? Onde as empresas mais erram”.

 Melek criticou o tamanho do estado brasileiro, que “trata com hostilidade o empreendedor”, com uma burocracia “inacreditável”. O juiz advertiu que “a legislação é uma ameaça, em vez de ajudar a gerar oportunidades”. O que a reforma trabalhista faz é “equilibrar a CLT, trazendo a legislação para o nosso tempo”, explicou. Em síntese, “a proposta da nova lei valoriza a meritocracia e está baseada em três pilares: liberdade, segurança jurídica e simplificação”.

 “Há uma indústria de ações trabalhistas no Brasil. São 11 mil novas ações por dia”, apontou. A Justiça brasileira, de uma forma geral, gasta R$ 80 bilhões por ano e consegue resolver apenas 13% dos processos. Entre os pontos essenciais da reforma trabalhista, Melek ressaltou a questão dos acordos negociados, que prevalecerão sobre o legislado. E garantiu: “não haverá perda de direitos”. O palestrante encerrou com a convicção de que “a nova lei vai modernizar o país”.   

 TRATAMENTO DIFERENCIADO

 O painel “Os avanços e os desafios do tratamento favorecido às micro e pequenas empresas”, teve palestra do procurador da Fazenda Nacional no Paraná, Sergio Karkache. Participaram ainda o ex-presidente da Fampesc, Diogo Otero; José Tarcísio Silva, presidente da Comicro – Confederação Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte; e Ercílio Santinoni, presidente da Conampe – Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e dos Empreendedores Individuais. A mediação foi do jornalista Cláudio Prisco, do SBT.

 Karkache lembrou que, apesar de o Brasil ser considerado liberal, todos os setores da economia são controlados pelo estado. “O estado é necessário, mas não pode ser um empecilho. Precisa deixar o empreendedor trabalhar. Deixar os negócios acontecerem e ser fiscalizador”. Outro problema apontado foi o gigantismo estatal. “Quem paga a conta dessa estrutura é o cidadão, o empreendedor”. O procurador disse ainda que “o direito ao tratamento diferenciado favorecido para a micro e pequena empresa não é um favor, é um direito, uma necessidade para sermos uma sociedade e uma economia melhor”.

 CASES DE SUCESSO

 O 49º Enconampe apresentou dois cases de sucesso em negócios B2B (Business to Business) e B2C (Business to Consumer). A Pronegócio, maior rodada de negócios têxteis do Brasil, é conduzida pela Ampe Brusque e expõe os produtos do município para lojistas de todo o país. O case foi apresentado por Ademir José Jorge, presidente da entidade. Já a Feccat, apresentada por Estevan Nascimento, diretor da Fampesc e da AmpeVale, trouxe a experiência do Shopping do Calçado que funciona em Itapema e Balneário Camboriú, com o desafio da venda direta ao público final pela indústria de São João Batista. O debate teve a participação de Gerson Schmidt, diretor da Paradigma Sistemas, da jornalista e colunista do DC e da rádio CBN, Estela Benetti, e da colunista do jornal Notícias do Dia e comentarista da RIC, Janine Alves.

A Pronegócio, atualmente com 167 empresas, iniciou com duas rodadas por ano e hoje realiza quatro. “A chave do sucesso é o cooperativismo e o associativismo. Cada empresa não vê a outra como concorrente, mas como parceira”, disse  Ademir José Jorge. Em 2017, quando completou 21 anos, a Pronegócio comercializou 2,5 milhões de peças nas duas primeiras rodadas do ano, num espaço de 4 mil metros quadrados. Atualmente, a Pronegócio desenvolve um projeto com Ronaldo Fraga, um dos principais estilistas do país, com apoio do Sebrae. 

A Feccat, iniciativa da AmpeVale, começou em São João Batista há mais de 20 anos, pela necessidade da indústria do calçado vender para o consumidor final. Em Itapema, são 25 pequenas indústrias. Em Balneário Camboriú, são 16 lojas.  O faturamento chega a R$ 18 milhões anuais nas duas unidades, com geração de 200 empregos diretos e 1 mil indiretos.

Gerson Schmidt colocou como um dos desafios para os dois casos a questão dos negócios via web. A Pronegócio debate soluções para realizar a venda virtual, enquanto a Feccat estuda esta alternativa em um projeto com a Fampesc.

 TURISMO 

 O tema “Turismo como oportunidade de negócios”, foi tratado por Vinícius de Luca Filho, superintendente de Turismo da prefeitura de Florianópolis, e Guilherme Eduardo do Santos, da Apino Turismo, com mediação do jornalista e apresentador da TV Catarina (ex-Band), Moacir Oliveira.

 Vinícius de Luca Filho destacou a visitação às fábricas, associada a outras atrações, como um produto de turismo importante para realização de negócios. “É possível intercalar e aglutinar setores, como a indústria, por exemplo, com o turismo, gerando negócios, com aumento da renda das empresas e dos municípios”, lembrou. Com as dificuldades financeiras do setor público, apontou que a saída é o relacionamento com as entidades de uma maneira geral, com o trade turístico e com o conjunto do setor privado.

Guilherme Eduardo do Santos trabalha com turismo de aventura, mercado de eventos, corporativo e viagem de incentivo, voltado para equipes de empresas. As mudanças no mercado exigem inovação, como o turismo de experiência, explicou. Entre os exemplos nesta área, citou a visita ao cultivo de ostras em Florianópolis e a acolhida na colônia, em outras regiões.

A Ampe Metropolitana, por sua vez, está na origem da criação do Caminho Cervejeiro, rota turística por microcervejarias da região metropolitana de Florianópolis, viabilizada em conjunto com a União Cervejeira e com apoio do Sebrae.

 MÍDIAS DIGITAIS

 O painel de encerramento do 49º Enconampe foi sobre como melhorar os resultados das empresas com o uso das mídias digitais acessíveis. Douglas Almeida, conhecido como Mestre do Whats, mostrou alguns números que revelam a importância das ações pelo whatsapp. No Brasil, 91% das pessoas mantêm celulares ao alcance das mãos. São mais de 168 milhões de smartphones no país, onde o whatsapp possui mais de 100 milhões de usuários. Em recente pesquisa, perguntadas se tivessem que ficar só com um aplicativo, 53% das pessoas responderam que escolheriam o whatsapp.

 Entre as dicas apresentadas, destacou a necessidade de criação de um número de whatsapp exclusivo da empresa, que deve ser amplamente divulgado; mensagens periódicas com informações relevantes; e facilitar a decisão do consumo com envio de link para compra.

 Rafael Meyer, da Qualé Digital, falou sobre o uso do Facebook que, no mundo, lidera a preferência com 79% de quem utiliza as redes sociais. “O brasileiro está muito mais na rede social do que em outras mídias”, ressaltou. No Brasil, são cerca de 122 milhões de usuários ativos no Facebook. Outro dado importante é que mais de 50% da população do país tem menos de 30 anos e 96% dessas pessoas estão nas redes sociais. 

 Os passos para o bom uso do Facebook foram resumidos por Rafael Meyer: definir público (maioria dos consumidores do produto ou serviço) e local onde está; estudo da concorrências; definição de linguagem e de como falar com o público de forma customizada; volume de postagens; e criação de um efetivo atendimento online dos clientes. Rafael defendeu ainda o impulsionamento dos posts, pois apenas 1% dos fãs é impactado gratuitamente. 

 Ainda no sábado, houve reuniões empresariais e institucionais do Sistema Fampesc e, no domingo, uma reunião do Núcleo de Cabeleireiros.

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