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ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA PREOCUPAM, DIZ ANDRÉ PERFEITO NA FIESC

Em reunião do Conselho de Economia da entidade, ele disse que o Banco Central está atento a essa situação e que a Selic deve alcançar 7% até o final do ano

O endividamento das empresas e o crescimento da inadimplência são fatores que preocupam para a retomada da economia, alertou o economista André Perfeito em reunião do Conselho de Economia da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), realizada nesta quinta-feira (31), em Florianópolis. Segundo ele, o Banco Central está atento à questão, olhando o balanço dos bancos, e deve baixar a Selic para 7% até o final do ano. “O problema do Brasil não é econômico. É profundamente político. O Brasil está na UTI porque tem infecções sérias no organismo. O endividamento das empresas está elevado e a inadimplência subindo. Isso é um problema que tem que resolver e que está dentro do tecido econômico”, afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, no encontro coordenado pelo presidente do Conselho, Alfredo Piotrovski.

Economista André Perfeito, durante palestra na FIESC (foto: Filipe Scotti)

Segundo Perfeito, depois dessa crise nascerá um País ainda bastante complicado. “O conjunto de reformas que está sendo feito precisa ser validado na eleição do ano que vem. E tenho receio de que não seja validado. A questão central é se existe espaço para se manter esse ritmo de reforma e o grau de desconforto que a maioria da população está sentido. E há reformas profundas para serem feitas”, declarou, citando como exemplo a da previdência. “Essa reforma é tímida e tinha que ir atrás, mais forte, do funcionalismo público, onde estão as pessoas que têm renda no Brasil. Então, fazer uma reforma da previdência em cima de pessoas que não têm renda não faz sentido”, argumentou.

Na abertura da reunião, o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, apresentou um panorama da economia catarinense e ressaltou que, de janeiro a junho, o Estado cresceu 2,6% contra o resultado neutro do Brasil no período, conforme dados do Banco Central. “Nosso desempenho, na média, tem sido superior à média brasileira”, avaliou, lembrando que a produção cresceu 3,3% no mesmo período. “Somos o terceiro Estado em que a produção industrial mais cresceu. Ficamos atrás apenas do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Onde temos resultado negativo é em vendas”, disse, ressaltando que de janeiro a junho o índice recuou 2,3%.

O presidente da FIESC também chamou a atenção para a taxa de desocupação, que em Santa Catarina é de 7,5%, a menor taxa brasileira. Além disso, a indústria de transformação do Estado criou 21 mil empregos no acumulado do ano até junho. Côrte ainda destacou o crescimento da confiança do industrial na economia, assim como a intenção de investir.

Em sua apresentação, André Perfeito afirmou que, por muito tempo, o Brasil habituou-se com taxas de retorno muito elevadas. “Quem tinha dinheiro, fazia dinheiro. Agora, estamos numa situação em que os custos subiram e as margens de retorno caíram. Cada vez mais, teremos que melhorar processos e administração. Será mais difícil ganhar dinheiro”, avaliou.

O economista disse ainda que a indústria é necessária para criar a densidade de crescimento. “Num País grande e complexo como o Brasil, é indispensável ter indústria cada vez mais forte”, disse. Segundo ele, uma das questões que descontrolavam a economia era a elevação forte do salário real e o crescimento da inflação. Mas hoje a inflação e os juros estão caindo e o câmbio está mais favorável por conta do saldo comercial mais forte. “Esse conjunto abre espaço para uma melhora no curto prazo. Pode cair uma bomba em Brasília, mas esses ajustes já foram feitos. Para continuar avançando, precisa de uma organização política um pouco mais clara a respeito do que o País deseja”, concluiu.

 

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