Para homenagear as profissionais catarinenses no Dia Internacional das Mulheres na Engenharia comemorado nesta terça, 23 de junho, o CREA-SC conversou com a profissional com registro mais antigo e ativo no Conselho – ano de 1972, Engenheira Civil e Sanitarista Maria Bernadete Cabussú. Natural de Florianópolis, Maria Bernadete é graduada em Engenharia Civil e Engenharia de Transporte pela UFSC, e pós graduada em Engenharia Sanitária pela Escola de Saúde Pública do Rio de Janeiro, junto ao Instituto Oswaldo Cruz.
Exerceu cargos no Deinfra, trabalhando no antigo DAE – Departamento Autônomo de Edificações, colaborando para a aplicação das normas, tanto as estaduais, quanto as federais, e da ABNT para execução de projetos; e no Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, tendo participado ativamente da elaboração das normas de segurança contra incêndio no estado. O CREA-SC parabeniza a engenheira por sua atuação na área da saúde pública, na modernização da engenharia e para a segurança da sociedade catarinense. Parabéns a todas as profissionais pela data!
CREA-SC – Conte-nos como você escolheu a profissão e um pouco da sua atuação na área de segurança contra incêndios
“Eu sempre gostei das ciências exatas. Para mim, decorar os fatos da geografia, história, biologia tinha que ser de uma forma mnemônica, esses assuntos tinham de ser de alguma forma entendidos para que ficasse mais fácil lembrar deles. Mas as ciências exatas não, eu podia dominá-las pois eram explicáveis, de uma forma ou de outra se chega a um mesmo resultado que podemos demonstrar. Desde criança eu gostava de desenhar e construir com blocos de madeira. Acho que sempre soube que queria ser engenheira.
Quando nos formamos e saímos da faculdade a teoria é muita, mas a prática é outra coisa. Agradeço ao meu trabalho como estagiária (DAE) que me colocou com os pés no chão. Foi aí que visualizei que o campo da engenharia era muito vasto e que deveria fazer uma especialização. Resolvi fazer especialização em Engenharia de Saúde Pública que me dava também o título de Engenheira Sanitarista. Foi muito bom pois abriu meus horizontes.
Voltando do curso de pós graduação, continuei trabalhando no DAE, na área de orçamentos, e depois de projetos, onde fazia projetos hidrossanitários e de preventivos contra incêndio. Adorava trabalhar em projetos, achava lindo e me orgulhava do que fazia. Tudo era feito à mão, os cálculos em régua de calcular ou nas máquinas manuais. Na faculdade tínhamos uma cadeira que ensinava a usar estes aparelhos. Os desenhos eram feitos a tinta nanquim e escritos com normógrafo. Os engenheiros de hoje não conhecem esta arte!
Foi por fazer os projetos preventivos contra incêndio que fui convidada a trabalhar neste órgão, pois até então não se calculava estes projetos. As normas não existiam e eram usados parâmetros para que fossem aprovados no Corpo de Bombeiros. Fizemos uma norma onde estabelecemos os métodos que os engenheiros deveriam usar para um cálculo exato dos projetos, que eram desenhados à mão em papel vegetal. Me orgulho muito de ter ajudado a mudar algumas coisas que modernizaram a engenharia no nosso estado.”
CREA-SC – Quais considera como grandes desafios da sua vida profissional como engenheira?
“O de fazer valer as necessidades de tratamentos de esgoto nas edificações do estado. E fazer valer as normas, tanto as estaduais, quanto as federais e da ABNT para execução de projetos. E ainda, a execução de projetos nas obras, pois alguns proprietários os achavam obsoletos, não necessários.”
CREA-SC – Quais trabalhos considera mais importantes e como acha que sua atuação colaborou para a comunidade da região e ou comunidade profissional?
“Como Engenheira Sanitarista, todos os projetos que fiz para hospitais, fóruns, escolas etc. Consegui implantar algum sistema de tratamento de esgoto, dando assim uma ajuda ao saneamento básico das regiões em que seriam executados. Como Engenheira Civil, ter participado da elaboração das normas de segurança contra incêndio do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina.”
CREA-SC- Como você avalia o mercado hoje para os engenheiros civis e sanitaristas, em meio à pandemia.
“Esta pandemia nos leva a assuntos muito penosos como a falta de saneamento básico que deixa os menos abonados muito debilitados e por isto mais propensos ao contágio, e a falta de educação e amor próprio do povo que ignora as normas a serem seguidas para se protegerem, como se julgassem que com eles nada acontecerá.”